Os indivíduos de estatuto superior são os que estão mais predispostos a pagar por produtos de menor impacto ambiental, ainda que prefiram o automóvel em detrimento dos transportes públicos. Esta é apenas uma das conclusões do primeiro Observatório do Consumo Consciente.

O Fórum do Consumo apresenta, durante a Conferência de Consumo Digital, na Alimentária, o seu primeiro Observatório do Consumo Consciente. Este Observatório desenvolvido em conjunto com a GfK, Universidade Lusófona e IADE apresenta os resultados do estudo que procura ser uma base permanente para a avaliação da evolução do consumo consciente em Portugal.

O Observatório do Consumo Consciente, que contou com 1261 entrevistados, revelou que os portugueses têm uma preocupação ambiental que segue em linha com os níveis internacionais, segundo o Greendex 2104, acima de outros países europeus mais ricos como França, Alemanha, Grã-Bretanha, bem como EUA. Esta preocupação encontra-se a níveis semelhantes à de países emergentes como é o caso do Brasil.

Outra das concçusões refere-se ao estatuto sócio-económico que continua a ter influência a nível de preocupação e percepção dos problemas ecológicos e de sustentabilidade, estando os indivíduos de estatuto superior dispostos a pagar por produtos de menor impacto ambiental, consumir comida biológica, porém com atitudes contraditórias com o recurso à utilização contínua do automóvel em detrimento dos transportes públicos, ou consumir água engarrafada.

A nível da actividade cívica de índole social e ambiental, de acordo com este estudo, os portugueses têm uma baixa actividade de apoio ativo a nível de actividades ambientais, com uma participação de meramente 2,8% dos inquiridos em ONG de índole ambiental ou apoiado actividades ou petições a favor de causas ambientais (2,1%) e somente 4,9% apoiou uma causa social.

Recentemente depara-se também com uma redução do recurso ao crédito ao consumo para os diversos tipos de investimentos de consumo (baixo valor ou de montantes elevados), bem como se viu uma redução da intenção de aquisição de produtos automóveis, mesmo que outros indicadores de consumo externos a este estudo apresentem o aumento do volume de vendas de veículos automóveis.

Quanto às expectativas dos portugueses a nível da situação económica que o País atravessa continua a manter-se em níveis negativos, porém com ligeiros indicadores positivos para o futuro próximo.

“Estes primeiros resultados são interessantes não pelos dados obtidos referente ao mercado nacional, mas sim do posicionamento e enquadramento das atitudes de consumo conscientes por parte dos portugueses quando comparados com outros países”, ressalva José António Rosseau, presidente do Fórum do Consumo. “Sentimos que este é o primeiro passo para podermos ver como os portugueses vão alterar os seus hábitos de consumo e de activismo social e ecológico, pois ainda existem algumas contradições muito grandes entre o conhecimento e a actividade real do consumidor português”.

O Fórum do Consumo é um espaço neutro e aberto à livre troca de opinião, ao debate construtivo e ao estudo dos fenómenos das relações comerciais e de consumo, celebradas entre consumidores, profissionais e empresas da produção, da distribuição e dos serviços, cujo objetivo é a análise e o debate conjunto da temática do consumo, de forma séria, profunda, transparente e construtiva para fortalecer a relação entre empresas e consumidores.