O Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa levou a cabo o ‘Primeiro Grande Inquérito Sustentabilidade em Portugal’ e a grande conclusão a que chegou foi que a crise e as medidas políticas obrigaram os portugueses a mudar os seus hábitos e preocupações com o ambiente.
Uma das principais conclusões deste estudo é que sete em cada 10 portugueses afirmam que a taxa de dez cêntimos sobre os sacos de plástico, que entrou em vigor a 15 de Fevereiro de 2015, levou-os a reutilizar os sacos nas suas compras. Com efeito, dos 1.500 inquiridos pelo ICS, 69% afirmou que a aplicação da taxa ambiental sobre os sacos de plástico leves e mais poluentes incentivou a sua decisão em reutilizar os sacos no transporte das suas compras. Para 56% dos inquiridos, o impacte desta medida foi, desde logo, a diminuição do volume de lixo, muito embora 18% não partilhe dessa opinião.
De acordo com este inquérito, ao nível da separação do lixo, 58% referiu que esta taxa não teve qualquer influência nesta acção que habitualmente já faziam; mas 18% confessa que a taxa levou-os não só a aumentar a separação, como a usar outros sacos de lixo; já 11% reconhecem que diminuiu a separação de resíduos, uma vez que utilizavam para o efeito os sacos distribuídos gratuitamente no comércio, nomeadamente nos hipermercados e supermercados.
Outra conclusão é que as pessoas com filhos e com idades entre os 24 e 44 anos são as mais sensíveis com as questões ambientais. Além disso, a crise económica dos últimos anos obrigou as pessoas repensar os seus hábitos de consumo.
Este estudo evidenciou também que, quer fruto da crise, da perda do poder de compra ou da busca por melhor qualidade de vida, está em crescimento o grupo de pessoas que se interessa por aprofundar o seu conhecimento sobre os processos de produção, que respeita os direitos ambientais e que procura produtos biológicos.
Outra curiosidade é que, derivado também da crise, 31% dos inquiridos disse que passou a ir menos aos restaurantes, 14% passou a levar as refeições para o trabalho e 11% passou a cultivar legumes, frutas ou ervas aromáticas. Um terço dos inquiridos refere que não alterou os seus hábitos de consumo, ainda assim 59% diz aceitar a possibilidade de mudar.
Quer seja por causa da crise e das dificuldades económico-finaceiras, quer por causa da maior promoção e sensibilização para as questões ambientais, a realidade é que o desperdício e o consumo desenfreado passaram a ser algo a evitar pelos portugueses.
Foto: CML - Feira de Produtos Biológicos do Príncipe Real