A associação ambientalista ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável analisou os dados da qualidade do ar dos últimos seis anos, de 2011 a 2016, entre 1 de Agosto e 15 de Setembro, tendo constatado que 2016 foi o ano em que os níveis de poluição do ar foram, de longe, os mais elevados em Portugal.

O pior local do País em termos de elevadas concentrações de ozono foi a estação de monitorização de Fornelo do Monte em Vouzela, com um total de 33 ultrapassagens a limiar de informação, cinco das quais superaram mesmo o limiar de alerta. Os piores dias foram 8 e 9 de Agosto.

No caso das partículas, os valores horários mais elevados verificaram-se em Estarreja/Teixugueira, Fornelo do Monte (Vouzela), São João (Funchal), Ílhavo e Montemor-o-Velho. Em Estarreja/Teixugueira, entre 11 e 13 de Agosto a média foi de 115 μg/m3, tendo sido mesmo de 161 μg/m3 no dia 11. No Funchal também se atingiu mais de três vezes o valor-limite diário, com uma concentração de 152 μg/m3 no dia 10 de Agosto.

Ao longo do Verão, a ZERO constatou que a informação das concentrações dos diversos poluentes na referida página internet QUALAR não esteve disponível durante muitos dias, em particular ao fim-de-semana, impossibilitando a consulta pelo público e pela imprensa dos valores medidos.

No que respeita aos elevados valores de partículas inaláveis, a legislação não exige nenhum aviso à população. Porém, os valores verificados foram de tal forma elevados em determinados locais que a ZERO considera que as autoridades de saúde e de ambiente deveriam ter feito recomendações específicas, em particular em relação às populações mais sensíveis (crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias).

No caso do ozono, em que a ocorrência de ultrapassagens aos limiares tem de ser transmitida atempadamente ao público de acordo com a legislação em vigor, a ZERO considera que tal só pode ser feito através das rádios nacionais nos seus noticiários, rádios locais e televisões com uma forte componente de informação. Infelizmente tal não aconteceu e as populações não foram avisadas nem da previsão nem do atingir dos elevados níveis de ozono, como seria desejável. A ZERO defende que deverá existir um sistema que obrigue determinados órgãos chave da comunicação social a transmitir estes avisos, à semelhança do que acontece em outros países.

A presnete análise envolveu dois poluentes relacionados com os incêndios florestais (partículas inaláveis – PM10 e ozono), sendo que no caso do ozono as elevadas temperaturas verificadas também são um factor relevante para se atingirem níveis mais preocupantes para a saúde pública. No caso das partículas, além dos incêndios, também o transporte de massas de ar vindas do Norte de África influenciaram as concentrações obtidas em muitos locais. Os dados utilizados foram os disponibilizados pela Agência Portuguesa do Ambiente para o total das estações de monitorização oficiais de qualidade do ar, através do site qualar.apambiente.pt, sendo que os dados referentes a 2016 não são ainda considerados finais por poderem não estar totalmente validados.

Foto: Anabela Loureiro