O coordenador da Unidade Vida Selvagem da Universidade de Aveiro (UA), Carlos Fonseca, considerou que foi um sucesso a reintrodução de veados na Serra da Lousã. Hoje constituem um forte pólo de atracção de turismo.
Recorde-se que estes animais estavam extintos naquela zona do País desde o século XIX, mas de acordo com as declarações do biólogo Carlos Fonseca, em comunicado da UA, “há mais de 3.000 veados a viver em estado selvagem na Serra da Lousã e áreas envolventes, descendentes de cerca de uma centena de animais reintroduzidos na serra no final dos anos 90”.
Segundo esta entidade, entre 1995 e 2004, foram reintroduzidos 120 animais nos concelhos da Lousã, Figueiró dos Vinhos, Penela, Miranda do Corvo, Góis, Castanheira de Pera e Pampilhosa da Serra, provenientes da Zona de Caça Nacional da Contenda e da Tapada de Vila Viçosa.
Cerca de 20 anos depois, Carlos Fonseca revela que “os resultados obtidos demonstram que a reintrodução de veados na serra da Lousã foi um sucesso, não só pela sua sustentabilidade biológica e ecológica, como também pelo número de efectivos e a área de distribuição actuais”. Recordando também que esta iniciativa visou devolver à Serra da Lousã uma espécie “emblemática extinta por acção do homem e voltar a ter na Região Centro de Portugal aqueles animais em estado selvagem”.
O documento explica igualmente que uma equipa de investigadores do departamento de Biologia e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da UA publicou um artigo num jornal internacional em que salienta o enorme crescimento que a população de veados conquistou ao longo do tempo, bem como o sucesso destes animais ao espalharem-se por uma vasta distribuição geográfica.
A bióloga Ana Valente, uma das autoras do artigo e também citada neste comunicado, refere precisamente que “a área de distribuição actual, superior a 90 mil hectares, é fruto da expansão dos veados em várias direcções, com especial destaque para Nordeste, ao longo da Cordilheira Central em direcção à Serra da Estrela, estando limitada a Norte pelo rio Mondego e a Sul pelo rio Zêzere”.
Do mesmo modo, a investigadora fez a ressalva para o “potencial económico, cinegético e turístico” destes animais que são hoje que atualmente os animais representam para os concelhos da Serra da Lousã hoje um importante pólo de desenvolvimento. Para o efeito dá o exemplo também do “ecoturismo, com destaque para a época de acasalamento que ocorre entre Setembro e Outubro, e que todos os anos atrai centenas de pessoas à serra”.No entanto, esta evolução da espécie não tem sido pacífica já que, como Carlos Fonseca advertiu, o aumento da distribuição do veado têm provocado danos, sobretudo no sector agrícola, e em diferentes localidades da Serra da Lousã. Perante este cenário o biólogo defende que a “gestão de conflitos tem de ser encarada como prioritária, numa perspectiva conciliadora que tenha em conta os interesses das populações lesadas e dos animais, não esquecendo todo o potencial que esta serra tem para oferecer”, pelo que a monitorização desta espécie vai continuar por parte da UA.
Carlos Fonseca acrescenta ainda que “há que ter em mente estratégias de gestão integrada a nível social, onde participem as autarquias, o poder central, as unidades e centros de investigação, as associações, federações e empresas ligadas à actividade cinegética e ao turismo”.
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