No próximo dia 5 de Setembro, Vila Nova de Gaia vai ser palco da apresentação do projecto ‘Pegada Ecológica dos Municípios Portugueses’. Neste âmbito, seis municípios vão ser pioneiros em calcular a sua pegada ecológica num projecto inovador a nível mundial.

No próximo dia 5 de Setembro, pelas 11h00, na Casa da Presidência da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, irão ser assinados os primeiros seis protocolos, relativos à adesão dos seis primeiros municípios parceiros do projecto ‘Pegada Ecológica dos Municípios Portugueses’.

Na cerimónia de acolhida pela Câmara Municipal de Gaia, a Associação ZERO e a Universidade de Aveiro farão uma apresentação do projecto seguida da assinatura dos respectivos protocolos, com a presença dos autarcas de Almada, Bragança, Castelo Branco, Guimarães, Lagoa e Vila Nova de Gaia.

A Global Footprint Network (GFN) - http://www.footprintnetwork.org/ - responsável pelo conceito da ‘Pegada Ecológica’ e pela realização dos respectivos cálculos, ao ter consciência de que, cada vez mais o desafio da sustentabilidade está associado à escala local/cidades onde em 2050 estará a viver cerca de 70% da população mundial, lançou um programa global de cálculo da pegada da cidades e regiões:  http://www.footprintnetwork.org/our-work/ecological-footprint/cities/.

Este instrumento de avaliação ecológica é uma ponte entre a ciência, a política e a economia para mudar a maneira como o mundo gere os seus recursos naturais e cria um futuro sustentável. As pegadas ecológicas de quase 40 cidades de vários países foram calculadas desde 1996, incluindo Barcelona, ​​Londres, Manila, Oslo, São Francisco e Xangai. A Global Footprint Network realizou avaliações de Pegadas Ecológicas para mais de 200 entidades sub-nacionais em todo o mundo.

A ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, numa parceira estabelecida com a Unidade de Investigação GOVCOPP da Universidade de Aveiro, com a colaboração de Investigadores da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e da Faculdade de Direito da Universidade do Porto, vai levar a cabo em Portugal um estudo que se prolongará ao longo de três anos, também ele já anunciado pela Global Footprint Network (GFN).

A colaboração da GFN com a ZERO e estas instituições universitárias portuguesas tem como objectivo alargar os possíveis campos de aplicação desta ferramenta de avaliação e monitorização de sustentabilidade mundialmente reconhecida.

Do processo negocial entre estas instituições e as autarquias envolvidas, resultou o projecto ‘Pegada Ecológica dos Municípios Portugueses’, inovador à escala mundial, onde, para além do cálculo da Pegada Ecológica, existem mais três novidades: O cálculo da Biocapacidade ao nível da Comunidade Intermunicipal ou da Autarquia; a proposta de realocação das verbas pelos diferentes Municípios tendo em conta a contribuição local para a Biocapacidade nacional, e o seu peso na pegada nacional; e a instalação de calculadoras de Pegada Ecológica para os munícipes nos sites das autarquias participantes.

A Pegada Ecológica é uma importante ferramenta de avaliação e monitorização para os governos nacionais e locais que estão trabalhar para mitigar os riscos, para se adaptar às alterações climáticas e para fomentar uma sustentabilidade global. O cálculo da Pegada Ecológica pode fornecer um roteiro para uma comunidade que se está a tentar tornar ambientalmente saudável, economicamente próspera e equitativa - agora e nos próximos 20 anos.

 

Em 2011, Portugal detinha a 9ª Pegada Ecológica mais elevada entre 24 países do Mediterrâneo, com 3.3 hectares globais (gha) per capita, enquanto a sua biocapacidade era, para o mesmo período, de aproximadamente 1.5 gha per capita. O objectivo do projecto a desenvolver é permitir aos municípios de Portugal contribuir para atingir o objectivo de vivermos apenas com os recursos de um planeta dentro de algumas décadas.

 

Os principais benefícios da avaliação e monitorização da Pegada Ecológica ao nível local são: Destacar o papel das cidades nos debates globais e nacionais sobre sustentabilidade; ajudar os governos a acompanhar a procura de capital natural de uma cidade ou região e comparar essa procura com o capital natural disponível; informar sobre um amplo conjunto de políticas, que vão desde os transportes, à construção de infra-estruturas e ao desenvolvimento do parque habitacional, para determinar quais as propostas e acções menos impactantes; destacar a importância das decisões de infra-estruturas de longo prazo, ampliando as oportunidades ou riscos futuros (efeito lock-in); adicionar valor aos conjuntos de dados existentes sobre produção, comércio e desempenho ambiental, fornecendo uma estrutura abrangente para os interpretar; e fornecer um índice de sustentabilidade ambiental mundialmente cientificamente reconhecido, que prova ser eficaz na sensibilização dos cidadãos e no aumento do envolvimento da comunidade.

 

Foto: ZERO