A associação ambientalista Zero alertou para o facto de as centrais solares fotovoltaicas que estão projectadas para a região do Alentejo poderem vir a colocar em risco a Reserva Ecológica Nacional e agravar as emissões de dióxido de carbono.

Ao todo estão previstas quatro centrais solares fotovoltaicas para serem instaladas em herdades alentejanas que, no seu conjunto, ocupam uma área total de cerca de 270 hectares.

As incidências ambientais da instalação das centrais foram avaliadas numa consulta pública que terminou no dia 12 de Setembro. Mas, em comunicado, a Zero afirma que “os benefícios a obter poderão ser inferiores aos custos ambientais previstos” e que existem elevados riscos de erosão, a possível destruição de cerca de 135 hectares de sobreiros e azinheiras e a afectação de cabeceiras de linhas de água.

As centrais previstas para as herdades de Alcaboucia (concelho de Portel, distrito de Évora) e Vale da Cota (Santiago do Cacém, Setúbal) são as que mais preocupam a Zero, que calculou um prejuízo em termos de emissões de dióxido de carbono de cerca de cinco mil toneladas, em 20 anos, nos dois casos, considerando a área afetada e a alteração de uso dos solos em causa.

A organização ambiental salienta mesmo que “os projectos têm custos ambientais não recuperáveis nas próximas décadas, mesmo sem contar com os potenciais efeitos negativos que a instalação pode induzir na biodiversidade local, na afectação do regime hídrico e na facilitação da erosão do solo e também na artificialização de uma paisagem rural”.

Na opinião da Zero a avaliação levada a cabo peca pela falta de localizações alternativas e pela omissão de informações relativas aos valores naturais existentes e a eventuais medidas compensatórias. Do mesmo modo, alerta para o facto de não terem sido avaliados os impactes da instalação de linhas eléctricas para o transporte de energia.

Relativamente aos outros dois projectos, previstos para as Herdades de Mourata (Arraiolos, Évora) e do Monte do Outeiro (Vidigueira, Beja), a Zero admite que possam receber ‘luz verde’ para avançar, “desde que sejam clarificadas as omissões de informação e sejam definidas medidas compensatórias de recuperação de habitats em áreas classificadas”.

A Zero congratula a iniciativa de investir na energia solar fotovoltaica de grande escala, uma das formas de alcançar a meta de neutralidade de emissões de carbono em 2050, mas reivindica a urgência em se criarem regras para prevenir impactes e conflitos.

Foto: Anabela Loureiro