A ZERO apresenta as dez principais instalações em Portugal responsáveis pela emissão de gases de efeito de estufa, entre as quais encontram-se as centrais termoeléctricas de Sines e do Pego. Esta divulgação surge no seguimento da entrada em vigor do Acordo de Paris que se comemora neste sábado 4 de Novembro.
Os dados avançados pela ZERO relativos às dez principais instalações em Portugal responsáveis pela emissão de gases de efeito de estufa foram apurados a partir do tratamento dos dados de registo do comércio europeu de licenças de emissão (CELE) relativos a 2016.
As duas e únicas centrais termoeléctricas a carvão em Portugal asseguram o primeiro e segundo lugar do TOP 10 das instalações com maiores emissões: a central termoeléctrica de Sines e a central termoeléctrica do Pego.
As emissões destas centrais quando comparadas com as emissões totais do País para 2015 (dados nacionais mais recentes), são responsáveis por 17,6% do total de emissões de dióxido de carbono-equivalente o que impõe urgência nas mesmas serem substituídas pela utilização de centrais de ciclo combinado a gás natural existentes, como recurso transitório e, a médio prazo, por fontes de energia limpa.
Ao nível europeu, a central termoeléctrica de Sines surge como a 18ª mais poluente em 2016, apesar da sua maior eficiência por comparação com outras centrais utilizando o mesmo combustível. Neste ano de 2017, devido à seca que impede uma maior produção hidroeléctrica, as centrais a carvão tiveram um aumento de produção de electricidade de 24% entre Janeiro e Setembro de 2017, em relação ao período homólogo de 2016, e foram responsáveis por 38% das emissões de gases com efeito de estufa do sector eléctrico.
O sector da refinação (Petrogal) através das refinarias de Sines e Matosinhos, ocupa o 3º e 6º lugar respectivamente, e é responsável por 5,7% do total de emissões de Portugal. O sector cimenteiro é responsável por 4,6% com instalações de duas empresas, CIMPOR e SECIL, a ocuparem o 5º, 7º e 8º posto. A indústria petroquímica de produção de olefinas da Repsol em Sines ocupa o 10º lugar.
Ao mesmo tempo, para combater o agravamento dos impactos das alterações climáticas e da poluição do ar, dezenas de organizações não-governamentais em 28 países lançaram a ‘Europa após o carvão’ (Europe Beyond Coal), uma enorme campanha colectiva para acelerar a retirada do uso de carvão na produção de electricidade em toda a Europa e promover a energia renovável limpa. A ZERO é a organização não-governamental de ambiente portuguesa que faz parte desta coligação.
Desde 2016, as organizações da coligação ‘Europa após o carvão’ ajudaram a retirar 16 centrais a carvão em toda a Europa. De acordo com os governos, há 39 centrais com encerramento previsto nos Países Baixos, Reino Unido, Finlândia, França, Portugal e Itália, devendo todos estes países encerrar todas as centrais a carvão até 2030, o mais tardar. A campanha está a colocar os seus esforços em transformar estes anúncios positivos para acelerar o encerramento das restantes 293 centrais da Europa.
Foto: Por APS - Port of Sines, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=11336302