Sábado, dia 8 de Março, celebra-se o Dia Internacional da Mulher. Hoje antecipamos esse dia com algumas sugestões e miminhos para todas as mulheres. Mas deixamos também no ar uma pergunta que uma adolescente fez: “Por que raio existe o Dia da Mulher?”

Para muitas mulheres este é um dia em que são mimadas pelos entes queridos e amigos, para outras é um dia em que se podem mimar a si próprias, para outras ainda é um dia em que conseguem ter tempo para si próprias nesta era de “super-mulheres” que fazem tudo.

Mas também, infelizmente, há aquelas que continuam a ser vítimas de violência doméstica, de cenários de guerra, de sociedades e culturas fechadas, de políticas que se esquecem delas, de empregos que continuam a desvalorizar o vencimento e o trabalho delas, daquelas que estão tão assoberbadas pelos outros que se esquecem de si próprias…

Não escrevo para lembrar tudo isto, basta ler os jornais ou ligar a televisão e as estatísticas e as imagens falam por si. As mulheres ainda têm muito por que lutar. Escrevo estas linhas porque hoje, véspera de um dia que deve ser lembrado, uma adolescente, filha de uma amiga minha, indiferente e alheia, perguntou à sua mãe: “Por que raio existe o Dia da Mulher?”

A mãe parecia que tinha levado uma valente bofetada na cara, vermelha e quase a espumar pela boca, respondeu-lhe furiosa: “Olha por que só neste dia é vocês se lembram que sou eu que acordo às 6h00 da manhã para ficar a cheirar a comida pois a essa hora já estou a preparar o vosso pequeno-almoço e o almoço que levam para a escola e para o trabalho, porque só nesse dia é que me levam flores e me deixam o sofá só para mim para descansar, porque só nesse dia é que se lembram que tive nove horas de agonia e dores atrozes para vos por neste mundo, porque só nesse dia é que se lembram que sou eu que fico noites sem dormir quando vocês estão doentes… Achas que é o raio de razões suficientes?”

Como me identifiquei com ela, quase me apeteceu aplaudi-la. E quando pensei que já tinha acabado, eis que ela continua a disparar: “Aquilo que tu hoje tens como garantido - como dizeres tudo aquilo que te passa pela cabeça, os bolos que comes, as mini saias e camisolas que usas, as unhas e o cabelo que pintas, as idas ao cinema e aos bares… - tens, porque houve ao longo da História mulheres que deram a vida para que tu hoje pudesses ter tudo isso!”

Acho que a miúda arrependeu-se do comentário mas ainda assim não perdeu a postura: “Mãe, tu sabes tantas coisas que pareces uma enciclopédia mas o que eu gosto mesmo em ti é que ficas tão bonita zangada”. Depois disto, o que é que se responde?!

Carla Celestino