A actividade da construção continua em crise, mas os empresários do sector acreditam na recuperação. Esta é, em síntese, a conclusão decorrente da mais recente análise de conjuntura da Federação Portuguesa da Indústria da Construção (FEPICOP), relativa aos primeiros sete meses do ano.
Durante esse período de tempo, os empresários da construção mantiveram-se optimistas quanto à evolução do sector, com base na carteira de encomendas e numa opinião favorável em relação às perspectivas de emprego. Mais significativa ainda é a avaliação do nível de actividade actual das empresas, que aponta para um crescente dinamismo do sector, tendência que já não era observada há alguns anos.
Mas diversos indicadores quantitativos, ainda que revelando quebras menos acentuadas do que há um ano, continuam a reflectir uma situação muito desfavorável da construção.
O emprego ainda está em contracção: entre Abril e Junho, o sector perdeu 24,4 mil postos de trabalho em termos homólogos e 13,9 mil face ao primeiro trimestre do ano, com o peso do número de trabalhadores da construção no emprego total a descer para 5,9%, contra os 6,3% no trimestre anterior e 6,5% um ano antes.
As estatísticas oficiais relativas aos meses de Abril, Maio e Junho confirmam a persistência do cenário crítico do sector, embora mais moderado que nos períodos anteriores: quedas homólogas do investimento em construção, de 3,5% (-7,1% no primeiro trimestre), e do VAB, de 4,2% (-7,0% nos primeiros três meses do ano).
Até Julho, foram licenciados 3.951 novos fogos habitacionais e uma área de 1.014 mil m2, o que traduz quebras homólogas de 15% (34% em 2013) e de 15,7% (30% em 2013), respectivamente.
As 1.976 licenças emitidas para reabilitação de edifícios habitacionais reflectem, por seu turno, uma redução de 5,9%, enquanto há um ano essa quebra foi de 23,5%.
Em sentido contrário, a área licenciada de construção nova de edifícios não residenciais até aumentou 4,9%, sendo de destacar o maior crescimento da área destinada ao Turismo.
Nos concursos públicos, o montante das obras lançadas durante o primeiro semestre também aumentou 38,6% face ao valor registado um ano antes. Já o montante dos contratos celebrados no mesmo período caiu 21,3%.
Por fim, saliente-se que as empresas continuam também com o acesso ao crédito muito cerceado. Em Julho, o sector tinha um stock de financiamento bancário inferior em 2,4 mil milhões de euros ao registado um ano antes. E o mal parado do sector assume um peso de 20,2%, representando 20,1% do total dos incobráveis da responsabilidade de todas as actividades.
Foto: Anabela Loureiro