A Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas e Serviços (AECOPS) perspectiva uma inversão do actual panorama do sector da construção, em que poderá existir um crescimento na ordem dos 1,5% este ano. Em comunicado, a afirma que “ao fim de 13 anos, 2015 perspectiva-se, finalmente, como o ano da inversão do profundo e histórico ciclo de crise que tem devastado o sector da Construção”.

Ainda assim, adverte que existe “um enquadramento macro-económico ainda muito difícil e com grandes desafios pela frente, tanto no mercado interno, como no exterior”.

A confirmar-se este cenário, a associação prevê que a construção cresça 1,5% este ano, pondo fim a um período durante o qual a produção da actividade se contraiu 58%. Para tal muito contribui a actual conjuntura internacional cujos efeitos directos e indirectos em Portugal favorecem o investimento em construção, quer seja no imobiliário, quer seja em infra-estruturas.

Entre os pressupostos económicos internacionais a associação refere, a título de exemplo, o risco de deflação e o Plano de Investimentos Europeu, enquanto a nível nacional destaca o acesso do País aos mercados financeiros, o início de um novo ciclo de apoios comunitários e o aumento do investimento direto estrangeiro no imobiliário e na aquisição de empresas.

Com este enquadramento, a AECOPS prevê que, após 13 anos de quebras sucessivas, que deverão ter atingido uma redução acumulada de 80%, a produção do segmento da Construção Residencial registe em 2015 um crescimento em redor dos +1,3%, em contraste com a quebra de 10% com que terminou 2014.

Para os trabalhos de manutenção/reabilitação aguarda-se um crescimento de +8,5%, mas, dada a evolução ainda negativa do licenciamento, prevê-se, novamente, uma redução do volume dos trabalhos de construção nova, na ordem dos -2,6% em termos reais, se bem que muito mais moderada do que as registadas nos anos mais recentes (média de -22% nos últimos três anos).

Do mesmo modo, o segmento da Construção Não Residencial deverá expandir a sua produção em 2015 (+0,9%, face a cerca de -6% em 2014), devido ao desempenho favorável da sua componente privada (+1,5%, face a -2% em 2014)), já que o nível de produção de edifícios não residenciais públicos, cujo desempenho em 2014 se traduziu numa redução de -11%, deverá continuar este ano fortemente condicionada pelo nível muito reduzido do investimento público, estabilizando ao nível de 2014 (variação de 0,0%).

Neste domínio, salienta-se o forte dinamismo observado nas aquisições de edifícios não residenciais, propulsionadas pela procura de estrangeiros, e que tem conduzido a uma evolução muito positiva dos trabalhos de reabilitação, os quais, por si só, são suficientes para impor uma boa dinâmica a este segmento da construção de edifícios. Já no que respeita à construção de novos espaços não residenciais privados, os indicadores são menos animadores, mas, ainda assim, com tendência inversa à dos últimos anos.

No total, o sub-sector da construção de Edifícios terminará 2015 com um crescimento de 1,1%, depois de em 2014 ter registado uma evolução negativa à volta dos -8%. Por fim, para a Engenharia Civil e após cinco anos consecutivos de quebras na produção deste tipo de trabalhos (-30% em termos acumulados, entre 2011 e 2013, e -1% o ano passado), a previsão da AECOPS aponta para um crescimento de 2% em 2015, em resultado dos primeiros efeitos da entrada em vigor do Novo Programa de Fundos Estruturais Comunitário - Portugal 2020 e da conclusão das obras financiadas ao abrigo do QREN 2007-2013.

Foto: Anabela Loureiro