No âmbito do programa BIP/ZIP Lisboa – Parcerias Locais, promovido pela Câmara Municipal de Lisboa, a Associação de Defesa do Património de Vila Berta (ADPVB) iniciou as obras de requalificação desta área classificada como Imóvel de Interesse Público desde 1996.
Estêvão Tojal, arquitecto e membro da ADPVB, explicou que “os Pátios e as Vilas Operárias são uma tipologia única e identitária de Lisboa, mas que se encontram em extinção. Salientando que “a Vila Berta, um século depois da sua construção, é uma propriedade distribuída por mais de 30 proprietários, confrontando-se com uma responsabilidade acrescida de conservação”.
Incapazes de acudirem sozinhos à degradação da Vila, os proprietários organizaram-se numa associação de defesa do património e procuraram soluções juntos. “Além do património cultural físico, existe ainda outro património sócio-cultural associado à Vila Berta que pretendemos preservar: a vida comunitária, as relações de boa vizinhança entre os moradores desta aldeia e a participação de todos em atividades comuns como a decoração da Vila para o Arraial”, acrescentou Estêvão Tojal.
Foi com base nesta premissa que a ADPVB em conjunto com a Faculdade de Arquitectura de Lisboa e com o apoio dos patrocinadores que o projecto venceu a edição de 2014 do programa BIP/ZIP Lisboa – Parcerias Locais. A intervenção vai ter local nas fachadas dos 16 edifícios e na rua, substituindo os materiais danificados, melhorando a cablagem, pintando todo o conjunto edificado, mantendo as cores originais.
Um desses patrocinadores é a Barbot que comparticipa a pintura de todas as fachadas e oferece ainda 50% de desconto nas tintas utilizadas pelos inquilinos no interior dos edifícios da Vila Berta. A primeira parede da Vila Berta já foi pintada, sendo um acto simbólico que representa o início das obras de requalificação desta vila operária.
Para Sofia Miguel, directora de Marketing da Barbot, “a preservação do património é um dos valores mais importantes para a Barbot, que tem trabalhado com afinco para desenvolver fórmulas inovadoras de tintas altamente resistentes às investidas do tempo”. Por isso, como refere, “fazia todo o sentido para nós ser parte deste projecto, contribuindo activamente para a preservação do património português”.
Construída por Joaquim Francisco Tojal entre 1908 e 1911, em terrenos da Quinta de Alcaide Fidalgo na Graça, foi baptizada com o nome da sua filha Bertha. Destinava-se ao alojamento do grande fluxo de familiares que migraram para Lisboa para trabalhar no desenvolvimento industrial e comercial da cidade. Insere-se no domínio do património industrial pelos materiais utilizados e tem pormenores de arte nova como o nome da Vila à entrada. Pela graciosidade das suas linhas e pelo estado de conservação que mantinha quase um século depois, a Vila foi classificada como Imóvel de Interesse Público em 1996.
Foto: ADPVB - facebook