Na análise de conjuntura da FEPICOP do mês de Junho de 2016, a associação revela, com base em dados oficiais, que a produção na construção encontra-se em queda mas, em oposição, o emprego aumentou no sector.
De acordo com esta associação, os valores das contas nacionais trimestrais relativas ao primeiro trimestre de 2016 e disponibilizadas recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) vieram confirmar a redução, em termos homólogos, do Valor Acrescentado Bruto (VAB) do sector da Construção (-2,8%), bem como da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) em construção (-3,9%).
Ainda assim e de forma aparentemente contraditória, o Inquérito ao Emprego, também da responsabilidade do INE, aponta para um aumento do número de pessoas empregues no sector da Construção nos três primeiros meses do ano e face ao período homólogo (+6,3%, correspondente a +17 mil trabalhadores no sector).
Esta clara divergência entre a evolução das duas variáveis pode estar relacionada com a forte dinamização do segmento dos edifícios, nomeadamente no que concerne aos trabalhos de reabilitação, mais exigentes em mão de obra, em contraponto com o segmento dos trabalhos de engenharia civil, onde a evolução recente da produção se mantém negativa.
Deste modo e a par de uma procura muito dinâmica no mercado imobiliário, traduzida num crescimento de 70% no montante de novas operações de crédito para aquisição de habitação e num aumento de 23% no número de fogos novos licenciados até Abril (com um acréscimo de 17% em termos de área licenciada), mantém-se uma evolução homóloga negativa, embora mais moderada do que nos meses iniciais do ano, no valor dos contratos de empreitadas de obras públicas adjudicados até maio (-0,4%), após a redução de 41% verificada ao longo do ano de 2015, a qual continua a ser determinante para a evolução negativa da produção deste segmento.
Também os dados relativos ao licenciamento de edifícios não residenciais apontam para uma evolução muito positiva deste segmento de actividade, com um crescimento, até abril, de 30% na área total licenciada, com destaque para os edifícios destinados ao comércio (+105%) e à indústria (+66%), em termos homólogos.
No que concerne à evolução futura do mercado das obras públicas, as expectativas mantêm-se favoráveis, já que se registou um crescimento de 19% no valor das empreitadas de obras públicas lançadas a concurso até maio. Neste contexto, importa realçar que só a verificar-se um real aumento do investimento em construção é que o emprego do sector não voltará a recuar.
Foto: Anabela Loureiro