O sector da Construção obteve em 2015 um volume de negócios no exterior na ordem dos 5,2 mil milhões de euros, o que, embora traduzindo uma diminuição de 7% face a 2014, em linha com a difícil conjuntura internacional em África e na América Latina, principais mercados de actuação das empresas portuguesas, ainda assim representa 45% da produção no mercado interno.

Em paralelo, as construtoras nacionais angariaram uma carteira de encomendas no exterior a rondar os 4,2 mil milhões de euros, menos 26% do que o obtido em 2014. Apesar de tudo, a facturação do sector no estrangeiro em 2015 mantém-se relevante, equivalendo a cerca de 3% do PIB e a 7% do total das exportações nacionais.

Estes e outros dados da actividade da Construção portuguesa no exterior em 2015 são divulgados no número 6 dos ‘Cadernos da Internacionalização’, documento publicado anualmente pela AECOPS desde 2012 e que constitui uma importante fonte de informação estatística de interesse geral e, sobretudo, sectorial.

A presente edição confirma que África continuou a ser o principal mercado de actuação das construtoras portuguesas, representando 60% tanto do seu volume de negócios (3.131 milhões de euros), como dos novos contratos realizados no estrangeiro (2.551 milhões de euros). Também a América Central e do Sul, onde foi atingida uma facturação de 1.348 milhões de euros e conseguida uma carteira de encomendas de mil milhões de euros, manteve a sua importância para o sector, representando 26% da sua actividade no exterior. Porém, a redução acentuada de novos contratos verificada em ambas as zonas, de 16% em África e de 49% na América Central e do Sul, apontam para uma diminuição futura da actividade nestes mercados.

Em sentido inverso, saliente-se o crescimento de 51% da produção do sector nacional na Europa, traduzido numa facturação de 733 milhões de euros, ainda que com um decréscimo de 2% da carteira de encomendas.

A análise do desempenho da construção portuguesa por países volta a colocar em primeiro lugar Angola (33%) e depois Moçambique (11%), seguindo-se o México (8%), Peru (7%), Polónia e Brasil (6%), Venezuela e Argélia (4%) e Espanha e Malawi (3%).

No contexto mais vasto da actividade internacional da construção europeia, refira-se a continuidade do crescimento do volume de negócios no exterior das construtoras europeias - 179,9 mil milhões de euros, ou seja, mais 9% do que em 2014 -, assim como da liderança da França, com uma facturação de 37.201 milhões de euros (21% do total).

Não obstante ter descido do 10º para 11º lugar no ranking por volume de negócios obtido no exterior pelas construtoras europeias, com apenas 3% do total, Portugal continua a ter uma posição cimeira entre os congéneres europeus, seja em volume de negócios, seja em número de contratos celebrados, quando as áreas geográficas em causa são a África e a América do Sul.

Como novidades, o número 6 dos ‘Cadernos da Internacionalização’ inclui uma análise dos apoios à internacionalização das empresas de construção no âmbito do Portugal 2020, que tem uma dotação de 1,6 mil milhões de euros para apoiar projectos de Qualificação e Internacionalização das PME até 2020, e um olhar sobre a participação das construtoras europeias no mercado mundial das parcerias público privadas em projectos de infra-estruturas. 

Foto: Anabela Loureiro