A Câmara Municipal de Lisboa vai avançar e debater uma proposta para a contratação de uma empreitada para execução de dois túneis e outras intervenções no âmbito do Plano de Drenagem. O objectivo é prevenir e evitar as cheias na capital.
A proposta em questão vai ser debatida na reunião camarária, no dia 23 de Junho, pelo vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, pelo vereador da Estrutura Verde, José Sá Fernandes (Estrutura Verde). Em cima da mesa está uma realidade incontornável: “Nos últimos tempos, tem-se vindo a sentir, especialmente em momentos de chuvas intensas, e com particular incidência, os efeitos da desadequação da rede de saneamento municipal às necessidades e exigências da população”.
Os vereadores explicam ainda que “a antiguidade da rede de saneamento da cidade de Lisboa leva a que, em alturas de precipitação com intensidade mais elevada, se faça sentir a sua desadequação e inoperacionalidade, em certas zonas da cidade, originando inundações com prejuízos materiais elevados”. A este cenário acresce o “relativo desconhecimento, quer no que respeita ao cadastro da rede de colectores, quer no que à sua conservação diz respeito, associada à precária reabilitação e manutenção necessárias para o seu bom funcionamento”.
Refira-se que a proposta que vai agora ser debatida é uma extensão do Plano Geral de Drenagem de Lisboa (PGDL), criado em 2008, e que já previa intervenções mas que acabaram por nunca ver a luz do dia por falta de financiamento. O mesmo foi revisto em 2015 e passou a contemplar a um colector entre as Avenidas de Berlim e Infante D. Henrique e a construção de dois túneis entre Santa Apolónia e Monsanto, com cinco quilómetros de extensão e 5,5 quilómetros de diâmetro, e entre Chelas e o Beato, com um quilómetro de extensão e um quilómetro de diâmetro.
Em termos de investimento que ascende a cerca de 180 milhões de euros, só os túneis entre Santa Apolónia e Monsanto e entre Chelas e o Beato estão orçadas em cerca de 70 milhões de euros, estando ainda incluídas outras obras como a criação de bacias de retenção e de absorção e de colectores de maiores dimensões, com uma extensão de 170 quilómetros, e o reforço da rede existente.
A autarquia avançou que vai lançar um concurso público na modalidade de concepção-construção com um preço base de 106.302.000 euros, excluindo o imposto sobre o valor acrescentado (IVA), para um prazo de execução de 1.200 dias (cerca de três anos), aos quais acrescem 365 dias para a manutenção de espaços verdes.
Todas as propostas vão ser avaliadas pelos especialistas em drenagem José Saldanha de Matos e António Jorge Monteiro e ainda por técnicos a designar pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
Na opinião da autarquia todas estas intervenções são vitais para reduzir o efeito das cheias e permite solucionar entre 70% a 80% os actuais problemas da capital.
Foto: encontros-dinamc.blogspot.pt