A CBRE, em representação do Fundo de Pensões da EDP, anunciou a venda de mais um imóvel, localizado no Marquês de Pombal, ao grupo segurador francês SMA, que opera em Portugal através da empresa subsidiária Victoria Seguros. Isto no dia em que divulga ter registado os melhores resultados dos últimos sete anos.
Relativamente à transacção efectuada em colaboração com a EDP Imobiliária, a CBRE concluiu a venda do sétimo edifício na zona do Marquês de Pombal, em apenas seis meses, sendo cinco propriedade do Fundo de Pensões da EDP e dois de uma seguradora. Estes sete imóveis têm uma área superior a 38 mil metros quadrados e totalizam um volume de investimento superior a 86 milhões de euros. A EDP vai permanecer no edifício pelo menos nos próximos cinco anos.
Esta transacção vem juntar-se à venda, realizada em Junho de 2014, de quatro imóveis localizados junto à Praça Marquês de Pombal, à Global Asset Capital, bem como dos imóveis sitos no Marquês de Pombal nº 14 e Rua Camilo Castelo Branco nº 36, em Julho de 2014, a um investidor chinês.
Só por estas operações facilmente se depreende que 2014 foi um ano bom para a CBRE. Este cenário foi confirmado hoje nos escritórios da consultora pelo managing director Francisco Horta e Costa que avançou terem “crescido significativamente em quase todas as áreas de negócio” em 2014, tendo inclusivamente registado “os melhores resultados dos últimos sete anos”. Esses resultados passam pelo mercado de investimento, onde se inclui a promoção, e onde registaram um volume de negócios superior a 859 milhões de euros, ou seja, quase o triplo de 2013. As transacções que realizaram perfizeram um total de 61.000m2, dos quais 52.000m2 localizaram-se no centro de Lisboa. Para 2015, Francisco Horta e Costa prevê que o sector imobiliário ultrapasse os "1.000 milhões em volume de investimento”.
Entre os investidores internacionais que procuraram a CBRE contam-se a China, os Estados Unidos da América, França e Brasil. Refira-se que os chineses, alavancados pelos “vistos gold e não só”, foram responsáveis por um total de 30.000m2. A título de exemplo a CBRE referiu o Edifício Lisboa, no Parque das Nações, a um family office chinês, e o Edifício Duque de Palmela 23, da Cerquia, a um investidor privado chinês.
Ao nível da absorção do mercado de escritórios, existiu um crescimento de 39% comparativamente a 2013, correspondendo a um total de 126.000m2, valor para o qual muito contribuíram as operações da EDP, em Santos, e do Banco de Portugal, na Castilho 24. A CBRE foi responsável por 21.000m2 e para tal muito contribuíram as operações da colocação de uma empresa do sector financeiro na Quinta da Fonte (4.300m2), o arrendamento do novo escritório da Arvato (2.100m2) e de uma entidade multinacional (11.000m2) na Torre Ocidente, Duarte Pacheco 7 que vai ter como inquilino brevemente a Deloitte que vai sair do Atrium Saldanha e o edifício junto à estação de Entrecampos que recebe como inquilino a ADENE e várias empresas associadas.
Embora no segmento de escritórios os valores “já se aproximem da média antes da crise”, como referiu o Senior Director - Offices, Retail & Industrial, André Almada, a realidade é que existem dois factores a ter em consideração: por um lado, a “pouca oferta de qualidade e dimensão no mercado derivado da ausência de construção nova nos últimos anos”, e por outro o “obstáculo que poderá existir à tendência de multinacionais de shared services, contact centres ou business process outsorcing a instalarem a sua actividade no nosso País já que poderá não existir oferta que satisfaça as suas necessidades, em termos de tecnologia, grandes áreas por piso, boa localização com uma boa rede rodoviária e infra-estruturas de apoio”. Exemplo disso já é o Parque das Nações.
André Almada considera que a tendência será para criar “soluções criativas” e “oferecer novas zonas”, até porque já existem “activos bem localizados que merecem ser intervencionados situados, por exemplo, na zona da Avenida da República/5 de Outubro mas que vai levar o seu tempo até serem colocados no mercado”. A zona ribeirinha da cidade de Lisboa, nomeadamente o Terreiro do Paço, Cais do Sodré e Santa Apolónia são apontados pela consultora como importantes pólos de investimento imobiliário num futuro próximo.
No segmento de retalho as transacções da CBRE totalizaram 18.800m2, sendo 9.700m2 correspondente a retails parks, 5.500m2 de centros comerciais e 3.600m2 de comércio de rua (onde imperam as lojas trendy e de luxo). Aqui a tendência será, segundo Francisco Horta e Costa, para uma “pressão para a subida das rendas nas zonas prime do comércio de rua uma vez que vão existir poucos espaços disponíveis, nomeadamente na Avenida da Liberdade e no Chiado”. Acrescentando que “em 2015 vamos assistir a um aumento no investimento em centros comerciais”.
Francisco Horta e Costa vaticina ainda que, em 2015, existirá um “crescimento no investimento em produto de rendimento” que será “transversal aos vários sectores do imobiliário comercial” e que “será alimentado pelos grandes volumes de capital estrangeiro” e “ pela manutenção das taxas de juro a valores muito baixos”. Lembrou ainda que foi recentemente aprovada a nova legislação referente aos Fundos de Investimento Imobiliário que poderão trazer “benefícios muito atractivos para os investidores”.