Decorreu ontem o almoço/conferência da Associação de Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII). O tema em foco foi o “Desenvolvimento sustentável em Portugal e no Mundo”.

O presidente da APPII, Henrique de Polignac de Barros recordou aos presentes que a associação celebra este ano 24 anos de actividade e que “congrega os profissionais que se dedicam ao property development” salientando, aliás, que foi a associação que incrementou em Portugal o conceito de “promotor imobiliário”. Em jeito de balanço, referiu que a associação tem “acompanhado os momentos de euforia e de crise”, focando o último período que considerou ser uma “crise sistémica que quase arrasou com o mercado imobiliário”. Destacou também o programa dos Golden Visa que defendeu ser “um balão de oxigénio fundamental” para o sector e que, inclusivamente, “provocou um efeito de contágio” e “interesse pelo nosso mercado”, o que foi “muito positivo”.

Mas o momento foi dedicado sobretudo à construção sustentável. Neste âmbito, o professor do IST, Manuel Duarte Pinheiro apresentou algumas das principais propostas do seu livro “Imobiliário Sustentável”. Para este interlocutor nos “desafios ambientais é incontornável a importância do imobiliário”, defendendo que as questões da construção sustentável devem ser encaradas tendo em conta a “dimensão económica e social”. Explicou que o “preço” pode ser um obstáculo à construção de edifícios sustentáveis, para combater esta dificuldade Manuel Duarte Pinheiro defende que se deve envolver todos os intervenientes desde “investidores, promotores, projectistas até aos consumidores”.

Gilberto Jordan, CEO do Grupo André Jordan, mostrou como é possível aos promotores imobiliários apostar na sustentabilidade e colher dividendos económicos, sociais e ambientais. A prova disso são os projectos de Vilamoura e Plabelas mas isso só é possível graças à “visão de longo prazo” uma vez que se trata de “projectos grandes e multigeracionais”. Os projectos deste promotor são todos “baseados em princípios sustentáveis e integrados no ambiente envolvente” e envolvem “todos os stakeholders”. Refira-se que esta foi a quarta empresa a ser certificada ambientalmente em Portugal, a primeira a ser certificada no golfe e a ter a primeira praia certificada.

O CEO da HBD, um dos intervenientes desta conferência, apresentou um projecto turístico totalmente sustentado e integrado na comunidade da Ilha do Príncipe que vai ser lançado este ano. Nuno Madeira Rodrigues acredita que existe “um retorno” sempre que se aposta em soluções amigas do ambiente, na sua opinião existe “um aumento de produtividade, menor custo nas reparações ambientais, redução dos custos e aumento da eficiência…” e premitem, sobretudo, aos turistas terem “experiências autênticas.

O bloco de apresentações terminou com a intervenção do secretário de Estado no Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Miguel Castro Neto, que defendeu uma “política de cidades”. No âmbito do Compromisso para o Crescimento Verde, considerou ter de existir um “novo paradigma”, em que tem de existir um “desenvolvimento sustentável capaz de ser um novo modelo económico para o País”. E isso passa, em parte, por uma “reforma clara na aposta no desenvolvimento urbano sustentável” que, por sua vez, depende da “reabilitação urbana”. Avançou ainda com a notícia da criação de um instrumento financeiro, com a colaboração do IHRU, que visa a “reabilitação urbana no seio do edificado urbano”.