O Banco de Portugal (BdP) revelou, no Relatório de Estabilidade Financeira (REF), que, apesar de, em 2014, o sistema financeiro português se ter desenvolvido “num quadro de recuperação de actividade económica”, a realidade é que ainda existem riscos para a sua estabilidade financeira derivado da exposição “significativa” ao sector imobiliário e a países como Angola.

Neste relatório, o BdP salienta que existe uma “concentração significativa em determinadas classes de activos” que constituem os principais riscos para a estabilidade dos bancos portugueses. Esses obstáculos são o sector imobiliário, a exposição dos bancos à dívida soberana (que aumentou de 2013 para 2014) e a exposição das instituições financeiras “a países produtores de petróleo afectados pela descida do preço”, onde se inscreve Angola.

O REF refere que existe “uma elevada exposição das instituições de crédito ao sector imobiliário” e que as reduções do valor dos activos “vulnerabilizam o balanço das instituições financeiras”. Esta situação sente-se, sobretudo, na “deterioração de imóveis, participação em fundos de investimento imobiliário e fundos de reestruturação, crédito concedido a sectores relacionados com actividades de construção e imobiliário, e garantias imobiliárias associadas ao crédito”.

Neste contexto, o BdP considera que se deve proceder “ao adequado registo do valor destas exposições”. Para o efeito, as instituições bancárias devem aproveitar o momento de recuperação do mercado imobiliário para se “reduzir gradualmente as exposições ao sector”.

O documento avança ainda que existe “uma exposição indirecta do sector financeiro residente às empresas portuguesas com relações comerciais ou de investimento directo em Angola”. Recorde-se que o mercado angolano foi um dos países afectados pela queda do preço do petróleo e que já teve impactes nas empresas portuguesas dos sectores da construção e do imobiliário que operam neste país.

O BdP faz ainda uma ressalva para o facto de continuar a persistir uma elevada exposição dos bancos portugueses à dívida soberana e “em particular à dívida pública nacional, que pode, entre outros, aumentar custos associados à manutenção no balanço dos bancos”.