Imagine que a Google se torna um ‘banco’ onde pode contrair todo o tipo de empréstimos bancários, desde aquisição de um imóvel, viatura, fazer compras… Ficção? A realidade pode estar para muito breve.

Bem, o mais provável é que não se torne efectivamente uma instituição bancária. Segundo o relatório Forrester Research, o facto da conformidade regulatória dos bancos ser cara, da empresa não querer competir directamente com os bancos que estão entre seus principais anunciantes e de as pessoas não quererem outro banco são os principais factores dissuasores para as empresas tecnológicas que oferecem serviços financeiros (fintech) não se tornarem num banco.

Ainda assim, a indústria das fintech está em crescimento em todo o mundo, misturando o pagamento móvel com outros serviços populares que, no futuro, poderão ir além dos simples pagamentos e pequenos créditos e passar a promover créditos de valores mais avolumados para bens de consumo, aquisição de casa ou viatura, viagens, etc., com o intuito de alcançar e servir os seus clientes.

A ser verdade esta tendência das fintech de se aproximarem da banca tradicional, iria obrigar a profundas mudanças no mercado financeiro. É que o crescimento das tecnológicas pode colocar em risco o domínio da banca, com o aumento das transacções online a afastar progressivamente os clientes dos balcões. Basta olhar para os números para perceber essa possibilidade: em 2014, o mercado europeu registou um aumento de 144% nos financiamentos pelo sector não-financeiro, superando os três mil milhões de euros.

Sempre a antecipar o futuro, os gigantes do sector da tecnologia já estão a apostar no mercado financeiro. Para já estão a transformar os smart phones em equipamentos de pagamento. A Google implementou a Google Wallet e o Android Pay, enquanto a Apple possui o Pay. E até o Facebook já anunciou que vai passar a aceitar transferências entre utilizadores sem qualquer custo, utilizando o Messenger como carteira. Recorde-se que, desde 2007, a Google pode operar como um banco (possuindo uma licença através do De Nederlandsche Bank) que permite oferecer serviços bancários digitais.

No ponto de vista do consumidor, este tipo de serviço poderia também ser benéfico. Sendo online e à distância de um clique, seria mais cómodo e mais rápido ter acesso a este tipo de produtos financeiros. Além disso, parte-se do princípio que as fintech podem cobrar taxas mais baixas e que o cliente pode também obter taxas de juros mais baixas e sem taxas anuais.

Resta saber como os governos e os bancos reagiriam a este tipo de operação…