Lisboa encontra-se alinhada com as restantes capitais europeias, embora os preços dos imóveis de luxo fiquem aquém das congéneres europeias. Ainda assim, o Managing Director da JLL na apresentação do relatório ‘Mercado Residencial – Dinâmica Inigualável’ revelou que este segmento vive um “bom momento”.

Pedro Lancastre declarou que o “mercado (residencial de luxo) português tem tido sucesso” devido às alterações introduzidas na Lei do Arrendamento Urbano, sem as quais “o que está a acontecer na cidade não seria uma realidade” e os “proprietários não teriam capacidade para remodelar as casas”.

“Edifícios livres atraem investimento”, disse o representante máximo da JLL em Portugal. Só para se ter uma noção, no ano passado, a JLL/Cobertura vendeu em Lisboa imóveis a investidores de 24 diferentes nacionalidades. Isto porque “Portugal está credível aos olhos da comunidade internacional”.

Mas a cidade não regista apenas o interesse dos investidores internacionais, são também já muitos os portugueses a comprar edifícios e casas em Lisboa. Se há dois anos os investidores eram 80% internacionais e apenas 20% portugueses; actualmente é de 60% e 40% respectivamente. E o que procuram ambos? Os objectivos de compra variam entre “o investimento puro, segunda habitação ou habitação própria e permanente”.

Refira-se que a par da lei do arrendamento e da reabilitação, o segmento residencial está também muito alavancado no turismo. De acordo com a directora de Consultoria Estratégica e Research da JLL Portugal, Maria Empis, “o turismo assume um papel fundamental neste novo dinamismo, principalmente em Lisboa”. Dando destaque ao investimento em “activos no mercado dos apartamentos turísticos”.

Já a directora do departamento Residencial, Patrícia Barão, fez a ressalva para o facto de os promotores estarem a “adaptar-se à nova realidade através de produtos e conceitos para os investidores internacionais”. Onde a autorização de residência para actividade de investimento com o programa Golden Visa, os benefícios fiscais para residentes não habituais e os incentivos fiscais à reabilitação também têm sido um “incentivo ao investimento”. Nesta nova “realidade”, Patrícia Barão realçou ainda os investimentos em “short term, apartamentos turísticos, residências séniores ou para estudantes”.

O relatório revela ainda que não só o “ritmo de vendas acelerou” como existe um regresso à “venda de apartamentos ainda em planta”. Por isso, além do crescimento da oferta futura, para 2016 prevê-se o lançamento de um pipeline relevante de novos projectos em Lisboa e Porto. Ainda assim, o documento refere que, apesar de as zonas prime de Lisboa possam vir a atingir valores na ordem dos 10.000 euros/m², a valorização dos preços está ainda assim abaixo da grande maioria das capitais europeias. Com efeito, a oferta de nova habitação, que se destina sobretudo aos segmentos médio/alto e alto do mercado, pratica preços que variam entre 3.000 e 9.000 euros/m², números que ficam aquém dos 15 mil euros/ m² registados em Madrid (Espanha).

O estudo da JLL integra uma análise de onze zonas de Lisboa, onde na zona da Lapa/Estrela, Campo Ourique/Amoreiras, Avenidas Novas, Colina de Santana, Restelo/Belém e Parque das Nações, os preços prime variam entre 3.000 e 6.000 euros /m²; e a zona Ribeirinha com valores prime entre 4.000 e 5.500 euros/m². A linha Estoril/Cascais, também incluída neste estudo, apresenta os valores prime mais elevados da região de Lisboa entre 5.000 a 12.000 euros/m².

Patrícia Barão adiantou ainda que nas áreas adjacentes à Avenida da Liberdade, nomeadamente na Avenida Duque de Loulé, “nos próximos seis meses a um ano deverão ser colocados à venda nesta área cerca de 300 novas casas”, ainda que sejam imóveis de menores dimensões e com um menor número de apartamentos.

Toda esta conjuntura revela, segundo Pedro Lancastre, a “tendência de consolidação do mercado residencial” em Lisboa.