Hong Kong surge este ano como a cidade mais cara do mundo, destronando Luanda, e Lisboa sobe no ranking da consultora Mercer. O estudo sobre o ‘Custo de Vida de 2016’ revela que o arrendamento de um apartamento T2 pode custar em Lisboa 1.500€ e em Hong Kong mais de 6.000€.

Apesar da volatilidade dos mercados globais e das crescentes preocupações relativas à segurança, as empresas e organizações, em geral, continuam a apostar em estratégias de expansão das suas operações a nível global, de forma a permanecerem competitivas e a crescer. Ainda assim, poucas organizações estão efectivamente preparadas para os desafios que os eventos mundiais impõem aos seus negócios, incluindo o seu impacto nos níveis de custo de vida e suas implicações para os pacotes de remuneração dos colaboradores expatriados.

O 22º estudo global sobre o ‘Custo de Vida de 2016’ da consultora Mercer dá a conhecer que factores como as flutuações cambiais, a inflacção no custo de bens e serviços e a volatilidade nos preços do alojamento, condicionam o custo dos pacotes de remuneração dos colaboradores expatriados.

“Mesmo com os avanços tecnológicos e com o crescimento de uma força de trabalho conectada internacionalmente, a colocação de colaboradores expatriados continua a ser um aspecto cada vez mais importante na estratégia de uma empresa multinacional competitiva”, sublinha Diogo Alarcão, partner da Mercer. “Todavia, com a volatilidade dos mercados e a desaceleração do crescimento económico em muitas partes do mundo, impõe-se uma análise crítica sobre a relação custo/eficiência nos pacotes de remuneração de expatriados. À medida que aumenta a necessidade das organizações em apostar num rápido crescimento e maior exposição à escala mundial, é necessário garantir dados precisos e transparentes para compensar de forma justa todos os tipos de tarefas”.

De acordo com 22º estudo global sobre o ‘Custo de Vida de 2016’ da Mercer, Lisboa subiu onze posições no ranking, passando da 145ª posição em 2015, para o 134º lugar este ano, permanecendo ainda assim como uma das cidades menos dispendiosas para expatriados a nível global.

No Top 10 encontra-se Hong Kong, que lidera a lista das cidades mais caras para expatriados, empurrando Luanda, a capital angolana, para a segunda posição. Zurique e Singapura mantêm a terceira e quarta posições, respectivamente, e Tóquio assume o quinto posto, registando uma subida de seis lugares face ao ranking do ano passado. Kinshasa, no sexto lugar, aparece pela primeira vez no top 10, depois de ter ocupado o 13.º lugar no ano anterior.

Entre as restantes cidades no top 10 do ranking Mercer de cidades mais caras para expatriados encontram-se Xangai (7), Genebra (8), N’Djamena (9) e Pequim (10). No extremo oposto – as cidades mais baratas para expatriados – encontram-se Windhoek (209), Cidade do Cabo (208) e Bichkek (207).

Este estudo da Mercer é um dos mais completos do mundo e é concebido para ajudar empresas multinacionais, bem como governos e outras organizações a determinarem estratégias de compensação para os seus colaboradores expatriados. A Cidade de Nova Iorque é utilizada como cidade base, servindo de comparação para todas as outras cidades. Deste modo, os movimentos monetários são medidos em relação ao dólar americano. O estudo inclui mais de 375 cidades em todo o mundo. O ranking deste ano inclui 209 cidades dos cinco continentes e mede o custo comparativo de mais de 200 items em cada local, incluindo habitação, transportes, comida, roupa, bens de uso doméstico e entretenimento.

“A optimização do retorno do investimento com menos recursos e com a falta de talentos em todo o mundo torna as iniciativas de crescimento mais difíceis para as multinacionais”, refere Diogo Alarcão. “As organizações devem assegurar-se que, através de pacotes de remuneração justos e competitivos, conseguirão melhorar os seus resultados e responder de forma eficaz aos desafios que enfrentam”.

Tiago Borges, responsável Ibérico da área de estudos de mercado da Mercer, acrescentou ainda que “as alterações no custo de bens e serviços, em conjunto com a inflacção e a volatilidade cambial, fazem com que os custos de colocação de colaboradores no estrangeiro possam, por vezes, ser superiores ou inferiores ao esperado”.

Embora tenhamos assistido à desvalorização do Euro face ao Dólar, situação que levou à redução do nível do custo de vida relativo em algumas cidades europeias, Lisboa subiu 11 posições no ranking, ocupando este ano a posição 134º. A explicação prende-se essencialmente com o aumento do custo de alguns items que pesam na ponderação como os valores das rendas, que com o aumento da procura, associado ao turismo, acabaram também por aumentar a nível nacional.

Foto: Anabela Loureiro