O relatório Marketbeat Portugal Outono 2016, da Cushman & Wakefield, revela que Portugal vive um bom momento no imobiliário nacional no 'pós-crise económica'. Os capitais estrangeiros dominam mas os investidores portugueses já começam a ter expressão.
“A principal tendência que hoje confirmamos é a crescente apetência de capital nacional e estrangeiro pelo investimento no sector imobiliário”, afirmou o director de Investimento da Cushman & Wakefield, Luís Rocha Antunes, no relatório Marketbeat Portugal Outono 2016.
Com efeito, ao nível do investimento, o volume de negócios no primeiro semestre atingiu os 872 milhões de euros, triplicando a média da última década. Apesar do regresso dos portugueses aos mercados, a realidade é que o investimento estrangeiro dominou o mercado (93% do total), salientando-se os investidores franceses como a origem de capital mais forte (27%) e em linha com o Reino Unido. Merece igual destaque os capitais norte-americanos que no nosso País já chegam aos 21%.
No segmento de Retalho, a publicação da Cushman & Wakefield revela que os centros comerciais mantêm-se como o conceito dominante, representando a maior parcela do Take Up registado no 1º semestre que foi de 58%. Muito embora, em termos de novas aberturas, apenas se registe a inauguração do Nova Arcada, em Braga, por parte da Caixa Geral de Depósitos. Na oferta de retails parks há a destacar a abertura, até ao final deste ano, de três pequenos espaços: Rio Park em Viana do Castelo (já abriu), Sacavém Retail Park e Matosinhos Retail Park.
O Comércio de Rua tem vindo a ganhar importância como formato complementar e contribui com 36% das operações realizadas na primeira metade do ano. No que diz respeito a rendas, o Chiado lidera chegando aos três dígitos, fechando o semestre em 100 €/m2 mês. Neste âmbito Lisboa e Porto destacam-se, sendo que a capital, como refere a directora de Retalho, Sandra Campos, “está definitivamente no plano de expansão dos retalhistas internacionais”.
De acordo com a consultora, o sector que se tem apresentado mais activo no imobiliário comercial neste primeiro semestre é o de escritórios. O volume de área transaccionada atinge os 79,500 m2, representando uma subida de 57% face ao ano anterior. A taxa de desocupação desceu para um dígito após seis anos, situando-se agora nos 8,7%. Mas a escassez de espaço de qualidade é hoje evidente no centro da cidade, com maior ênfase no Parque das Nações em que os espaços disponíveis são praticamente inexistentes e a taxa de desocupação nos níveis mais baixos de sempre: 2,2%. No top cinco dos negócios do ano surge a Manpower e a Global Media Group a ocupar as Torres de Lisboa, seguindo-se a Havas no Liberdade 252, a CML no edifício do Entreposto e o BNN Paribas na Alexandre Herculano 50.
No residencial, o mercado estrangeiro detém um peso muito significativo no segmento prime, sobretudo os brasileiros e franceses com respectivamente 24% e 7% das compras efectuadas. Ainda assim, os portugueses já representam 39% das compras desde 2014. Rafael Ascenso, director-geral da Porta da Frente Christie's, acredita que “esta fase positiva do ciclo se mantenha” mas para tal é “vital” que se “mantenha o enquadramento legal e fiscal existente”.
Na hotelaria, o relatório Marketbeat Portugal Outono 2016 revela um novo ano de recordes nos indicadores turísticos, mais 10,8% de turistas de Janeiro a Junho (8,5 milhões). Refere ainda que a operação hoteleira tem obtido importantes ganhos de rentabilidade, com um crescimento de 16,5% nos proveitos globais.
Refira-se que, até Setembro deste ano, já inauguraram 36 estabelecimentos hoteleiros e até ao final do ano perspectiva-se a abertura de mais 26 projectos. Ao que tudo indica este ritmo vai manter-se até 2018 já que estão previstos mais 40 projectos hoteleiros.
Foto: Torres de Lisboa