O estudo ‘Market 360°’, apresentado pela consultora imobiliária JLL, revela que 2016 voltou a ser um dos melhores anos da última década para o mercado imobiliário em Portugal, sendo apenas superado pelos níveis históricos atingidos em alguns segmentos no ano anterior. Em 2017 é provável que este cenário se renove.

De acordo com este estudo, a habitação e a hotelaria foram as áreas de maior crescimento em 2016, com uma evolução bastante positiva nos seus principais indicadores de performance, incluindo no volume de vendas, preço e lançamento de novos projectos. E as perspectivas traçadas pela JLL são as melhores para este sector: a hotelaria na capital vai reforçar-se em mais de 2.100 novos quartos nos próximos dois anos, dos quais cerca de 70% previstos já para 2017.

Ainda no mercado ocupacional, o retalho e os escritórios mantiveram os níveis de actividade entre os melhores da década, mas, de acordo com o estudo, a crescente escassez de oferta de qualidade acabou por limitar um crescimento mais acentuado destes segmentos. Em pipeline para 2017/2018 estão previstos 90.600 m2 nos escritórios e 127.500 m2 no retalho.

Na área de investimento, a tendência é semelhante, mantendo-se uma forte procura por activos prime, que acabou por não se concretizar em maior volume transaccionado, devido, em parte, à falta de oferta adequada aos requisitos dos investidores. Na promoção imobiliária, os projectos de reabilitação nos centros históricos de Lisboa e Porto continuaram a dominar.

Em 2016, o mercado português de investimento em imobiliário comercial transaccionou 1.254 milhões de euros, sendo o segundo ano desde 2007 que é superada a barreira dos 1.000 milhões. De acordo com o Head of Capital Markets da JLL, Fernando Ferreira, “no curto e médio prazo os volumes de investimento deverão manter-se elevados, acima dos mil milhões de euros anuais”, sendo que “2017 deverá alinhar com esta tendência, mantendo-se os principais factores de atracção ao sector e ao nosso mercado, entre os quais se destacam a volatilidade dos mercados financeiros, taxas de juro em mínimos, crescimento do turismo e estabilidade política”.

Este cenário é confirmado pelo director-geral da JLL, Pedro Lancastre: “O imobiliário português está a atravessar um momento notável, apresentando indicadores muito saudáveis. Na verdade, se mais indústrias em Portugal apresentassem este desempenho, seríamos certamente um dos países mais robustos da União Europeia. Em 2016, voltámos a superar a barreira dos 1.000 milhões de euros e o forte interesse dos investidores por imobiliário português está instalado. Também nos sectores ocupacionais, que sustentam esta boa dinâmica do investimento, o ano foi muito positivo, com uma procura muito activa nos escritórios e no retalho e um ritmo absolutamente extraordinário quer de vendas quer de aberturas nos segmentos residencial e de hotelaria”.

Segundo Pedro Lancastre, “tudo indica que este momento é para durar, sobretudo se soubermos perceber e apoiar as estratégias de investimento dos players que estão atentos ou a actuar em Portugal, e desde que se garanta estabilidade fiscal. O barómetro de liquidez do imobiliário comercial indica que, considerando os negócios que estão em pipeline, 2017 poderá ser o terceiro ano, em dez anos, que se supera a barreira dos 1.000 milhões. Nos mercados ocupacionais, a procura deverá também manter-se activa e, do lado da oferta, é necessário começar a reforçar a aposta na promoção nova, especialmente nos escritórios e na habitação de gama média. A par da estabilidade política e económico-financeira, este será um dos desafios do mercado em 2017, um ano em que o desenvolvimento imobiliário de grandes terrenos em Lisboa, como a Feira Popular, Amoreiras e Alcântara, poderá também abrir novas oportunidades para o mercado. São projectos de grande escala que exigirão promoção de raiz e que são estruturantes para a cidade”.