Na apresentação dos resultados da Aguirre Newman, o director-geral Paulo Silva afirmou que “2015 foi um ano fabuloso e apesar de 2016 não ter sido tão bom foi o segundo melhor ano de que há registo”. Para 2017 promete, dentro em breve, muitas novidades, não deixando de tecer duras críticas à nova lei das avaliações.
O facto de 2016 “não ter sido tão bom”, prende-se, entre outros factores, por “terem resvalado algumas operações de 2016 para 2017”, pelo que o início deste ano “promete ser bastante dinâmico”, explica Paulo Silva.
De acordo com a Aguirre Newman a oferta de novos escritórios em Lisboa tem apresentado um crescimento muito “contido”. Com efeito, no ano transacto, apenas entraram para o mercado três novos edifícios: Lagoas Park - Edifício 9 (4.900 m²), Edifício D. Luís (10.000 m²) e Edifício Santander (9.600 m²). E como o director-geral da consultora imobiliária, Paulo Silva, afirma: “É pouco para a necessidade que existe no mercado”.
Apesar deste cenário, perspectiva-se, entre 2017/2018, um pipeline de 46.500 m² distribuídos por quatro empreendimentos - Edifício VDA, 24 de Julho 62, Edifício Abreu Advogados e Fontes Pereira de Melo 41 - e “quase todos estão colocados (empresas/inquilinos)”.Já os
Edifícios Marquês de Pombal 14 (5.000 m2) e República 5-7 (6.100 m2), também em pipeline, “eram para ter sido colocados no mercado em 2016 mas tal não ocorreu”, pelo que se está à espera de saber qual é a “estratégia de entrada no mercado”, explica Paulo Silva. Acrescentando que, neste segmento, existe “alguma indefinição quanto ao futuro”, ainda mais sabendo que “há menos de 10% de escritórios disponíveis”, pelo que este “stock de escritórios assusta a quem está a investir”.
Refira-se ainda que “Lisboa é a mais barata da Europa ao nível das rendas prime (216€)”; acima da capital surge Barcelona (228€), sendo o topo do ranking é ocupado por Londres (1.900€).
Curiosamente, o mercado do Porto, cidade onde a Aguirre Newman abriu um escritório no ano passado, que esteve “adormecido”, está agora a “despertar”, ainda mais tendo em conta o facto de esta ser uma cidade que “não tem edifícios novos há mais de 10 anos”.
No que concerne ao Retalho, “a Avenida da Liberdade e a Rua Garret continuam a ser as mais procuradas”, nomeadamente pelas marcas internacionais de moda e luxo, mas a “Rua Augusta também começa a assumir um papel importante”, avança Paulo Silva. Outro cenário verificado em 2016 foi o do “sector da restauração em expansão”. O Nova Arcada, em Braga, numa parceria com a Sonae e IKEA, foi a única abertura registada ao nível dos centros comerciais; mas, para 2017, está prevista a inauguração do Mar Shopping Algarve (83.000 m²) e do Évora Shopping (16.400 m²) e com uma “área que já não acontecia desde 2011”.
Relativamente à Logística, como explica, “tem sido o mercado que tem mais sofrido com a crise e que mais tarda em sair”, pelo que em 2016 voltou a registar uma fraca actividade. Mau grado, em 2017, poderão surgir “algumas operações importantes, sobretudo de venda de terrenos”.
Questionado sobre o efeito potenciador do aeroporto do Montijo ao nível do mercado logístico, Paulo Silva refere que este “poderia ser um interface importante para a Logística mas as portagens condicionam”, pelo que as empresas deverão continuar a preferir o Carregado. Alguma actividade que possa vir a gerar será ao nível da “habitação para o segmento médio/baixo” e a confirmar-se uma nova via de acesso poderá também “beneficiar os residentes e os turistas”, concluiu.
Falando do mercado de investimento, Paulo Silva considerou que “2015 foi um ano fabuloso (2.400 milhões de euros) e apesar de 2016 não ter sido tão bom foi o segundo melhor ano de que há registo (1.600 milhões de euros)”.Ainda assim, o primeiro semestre de 2016 “esteve em linha com o registado em 2015” com 68% das transacções, sendo que na 2ª metade do ano ocorreram os restantes 32% do valor anual transaccionado (520 milhões de euros).
No investimento há a salientar “o crescimento da procura de escritórios”, dominando o investimento estrangeiro que rondou cerca de 87% do volume transaccionado e onde se destacaram os investidores franceses, norte-americanos, ingleses e espanhóis. Paulo Silva refere ainda que, “nos últimos três anos, o investimento nacional não ultrapassou os 14%”.
Patrícia Liz, managing partner da Aguirre Newman, afirmou que em 2016 a consultora teve um “crescimento sustentável” e que “apesar das expectativas acabarem por ser ligeiramente abaixo” do que inicialmente tinham traçado, a realidade é que “cresceu em todas as áreas de negócio”, além de estarem “entre as quatro maiores consultoras de Portugal” e serem “líderes ibéricos”.
Em jeito de balanço do ano, a consultora duplicou a área dos seus escritórios em Lisboa. No segmento de escritórios tiveram um crescimento de 17% de facturação comparativamente a 2015, tendo-se destacado a Manpowergroup Solutions que foi uma das maiores operações do ano transacto. Aliás, a consultora anunciou que já tem em carteira dois novos projectos de arquitectura desta empresa em Leira e no Porto.
No retalho a consultora obteve um aumento de 31,3% nos resultados, sobressaindo o incremento de instruções de procurement no sector da restauração, nomeadamente para a Domino’s Pizza com 13 lojas colocadas em 2015/2016 e anunciado “mais aberturas para breve”; na logística, apesar do cenário pouco optimistas, registou m aumento de 29% na facturação; no investimento a comercialização de activos ascendeu aos 300 milhões de euros, para a qual muito contribuiu a venda de um projecto de habitação/comércio no valor de 15.500 m² (zona CBD).
Paulo Silva destacou que ao nível das Avaliações “obtiveram um aumento de 26% na facturação, apesar dos entraves da nova lei de 2015”. Patrícia Liz avançou que “tivemos alguns clientes que nos perguntaram se já tínhamos aberto uma nova empresa para fazer a avaliação dos seus portfólios”, à semelhança do que já acontece com outros players, mas Paulo Silva foi peremptório ao dizer que têm a sua “ética profissional” e que “não é essa a forma de estarmos no mercado”. Por isso, prefere lutar pelo ponto de vista das consultoras junto do Governo e das autoridades que regem esta matéria, nomeadamente a CMVM, o Banco de Portugal e a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões.
Recorde-se que a Lei n.º 153/2015, de 14 de Setembro, acabou por impedir que as consultoras imobiliárias possam fazer serviços de avaliação de imóveis para entidades do sistema financeiro da área bancária, mobiliária, seguradora e resseguradora e dos fundos de pensões.
Ao nível de facturação, em 2016, a Aguirre Newman registou ainda um aumento de 6% ao nível da consultoria; 49% na arquitectura, sobretudo na área de Project management, due diligence técnicas e modelos chave-na-mão; 54% na área de asset management; e 71% na área de property management.
A consultora anunciou que, em breve e em consórcio, vai revelar um importante portfólio de escritórios que vai ser lançado no mercado, assim como vai apresentar no próximo mês um estudo que foca a habitação e o turismo. 2017 vai ser, pois, recheado de novidades.