De acordo com a Worx, o mercado de escritórios é um excelente termómetro de medição dos fluxos de movimentos e entrada de novas empresas no mercado. Pedro Salema Garção, Head Of Agency, e Alexandra Portugal Gomes, do departamento de Research, explicam como.
Inovação, tecnologia, empreendorismo, startups, há muito que deixaram de ser meros conceitos considerados moda e passaram a ser realidades no nosso mercado. Por força da aposta notável que tem sido feita na projecção de Lisboa não só como um dos melhores destinos turísticos europeus, como também como cidade catalisadora de empresas e startups de carácter tecnológico, estamos a assistir à emergência de novas necessidades do lado da procura imobiliária.
Actualmente, conseguimos perceber que o estado actual de grande percentagem do stock de escritórios no mercado de Lisboa está desadequado às exigências e necessidades de grande parte das empresas, especialmente quando o assunto são startups.
Segundo um estudo da Startup Genome, Lisboa tem entre 200 e 300 startups que valem 1.2 mil milhões de euros. Focando a nossa atenção neste universo cada vez mais significativo, estas encontram na maioria dos casos as suas soluções de ocupação em espaços de Coworking ou Hubs criativos construídos para o efeito de acolher polos dedicados à inovação.
No nosso mercado existem sensivelmente 18 incubadoras e aceleradoras e mais de 40 espaços de coworking. E será que o mercado de escritórios, como o conhecemos hoje, estará apto a responder à introdução de um novo target que procura espaços de trabalho com dinâmicas diferentes? Um dado é certo. As startups ou empresas de índole tecnológica, liderada por uma geração assente na criatividade e irreverência, vieram mudar o paradigma ao nível da oferta e da procura. Vamos esquecer as salas fechadas, os espaços sem comunicação, os gabinetes, os postos de trabalho fixos e vamos dar lugar aos espaços amplos, salas de brainstorming e convívio, hot-desks e todas as condições que sejam susceptíveis de incentivar a produtividade, a motivação e a comunicação entre equipas.
Do lado da oferta, existe ainda um longo caminho a percorrer. A oferta actual de escritórios, para além de apresentar um nível de pipeline que fica muito aquém do nível da procura e assente numa promoção com contratos de pré-arrendamento, está pouco direcionada para este nicho de mercado. Ainda que em emergência e não podendo ser comparado com outros mercados europeus onde o universo das startups tem um maior grau de maturidade, não poderá ser subestimado pelos diferentes players de mercado: promotores, investidores e consultores imobiliários. Actualmente vemos que por um lado hoje uma startup poderá começar por ocupar uma secretária num qualquer espaço de Coworking, amanhã poderá ser o novo Airbnb, Facebook ou Google. Estas poderão ser os futuros inquilinos de grandes espaços de escritórios. Por outro lado, e é necessário termos ambos os factos em mente, este pode não ser apenas um futuro, mas sim o presente. Assistimos a casos, em que as necessidades de espaço das startups se igual a qualquer outra empresa de média/ grande dimensão.
Se a oferta actual é escassa e não consegue satisfazer os requisitos da procura, o futuro poderá não ser diferente se não existir um redesenho de estratégias.
Se queremos posicionar Lisboa no mapa das cidades mais inovadoras da Europa, na linha da frente de atracção de investimento internacional, há que apostar igualmente na qualidade dos espaços de escritórios e abrir o espectro de oferta às novas realidades empresariais que ditam agora as novas regras de ocupação.