De acordo com os agentes imobiliários locais, o incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande já está a ter impactes negativos no mercado imobiliário do concelho, nomeadamente ao nível do cancelamento de escrituras de compra e venda de imóveis.
Em declarações à agência Lusa o sócio-gerente da única imobiliária da vila, Fernando Fernandes, afirmou que “foram canceladas duas escrituras de compra e venda que já estavam marcadas” e que tem “mais seis processos cancelados de intenções de compra com sinal já pago”.
Segundo Fernando Fernandes a procura que tem dominado esta região dirige-se, sobretudo, a “imóveis rústicos” e caracteriza-se por compradores estrangeiros. “Normalmente, por ano, temos cerca de 50 processos de venda, o suficiente para ter a porta aberta”, explica. Acrescentando que “só com o mercado nacional, não era suficiente para sobrevivermos”, por isso vê com grandes reservas “ir por água abaixo” o trabalho de meio ano a um ano.
Menos pessimista está o proprietário da imobiliária Esfera Real que defende que o futuro da região poderá não ser “assim tão mau”, embora reconheça que “o nome de Pedrógão Grande andou nas bocas do mundo pelas piores razões”, pelo que “quem não conhece, tem medo”.
Quanto ao perfil da procura, acrescenta que os compradores estrangeiros procuram Pedrógão Grande alguns anos antes de entrarem na idade da reforma, pelo que “adquirem casas de férias, que acabam por se tornar de habitação permanente”.
Apesar do cenário desolador da paisagem no concelho de Pedrógão Grande e das múltiplas habitações que não resistiram às forças do fogo e do vento, Fernando Fernandes acredita que “vamos ter um futuro melhor do que o passado, quer ao nível do imobiliário quer da floresta” para tal muito vai contribuir a ajuda financeira, pública e privada, bem como a grande lição que os nossos governantes devem tirar desta tragédia de forma a “por mão na floresta e fazer um reordenamento capaz”.
Foto: Anabela Loureiro