O estudo “MarketBeat Portugal” publicado pela Cushman&Wakefield (C&W) revelou alguns segmentos em estagnação e outros com potencialidades de desenvolvimento no imobiliário nacional. A visão mais optimista surge ao nível do investimento com o regresso dos investidores institucionais a Portugal.
O cenário traçado pela C&W é optimista para 2014 baseado, sobretudo, pela “retoma da actividade de investimento imobiliário”. Como a directora de Research & Consultoria da C&W, Marta Esteves Costa, avançou “os negócios de investimento imobiliário que foram concretizados no ano passado confirmam o regresso dos investidores institucionais ao nosso País, como foi o caso dos fundos alemães”. Aliás, “Portugal começa a ser considerado até por investidores que normalmente não investem em países com algum risco como é o caso dos fundos suíços”.
Com menos optimismo surge o segmento de escritórios, no qual se verificou uma quebra no número de transacções realizadas em Lisboa na ordem dos 24% em 2013 face ao ano anterior. Segundo este estudo, ao todo foram realizadas 185 transacções, correspondendo a uma área total de 77.800 m2.
Esta consultora salientou um realidade preocupante é que, em 2013, o mercado de escritórios de Lisboa registou uma taxa de desocupação de 12,2%, correspondendo aos níveis mais baixos de procura de sempre. Ainda assim, Marta Esteves Costa explicou que, na capital e neste período, existiu uma “correcção da taxa de desocupação dos escritórios em relação a 2012”, para tal muito contribuiu, o facto de se ter assistido a uma “optimização dos custos por parte das empresas para fazer face à crise".
O director do Departamento de Escritórios, Carlos Oliveira, é da opinião de que em “2014 existirá um ligeiro crescimento deste segmento” lembrando imóveis que foram ou poderão vir a ser libertados para o mercado, por exemplo, pelas empresas AXA, CMVM e EDP, mas não deixou de salientar que existirá também “um maior controlo dos incentivos dados pelos proprietários”.
No segmento dos centros comerciais o cenário também não é o mais animador, já que em 2013 não foram inaugurados quaisquer novos conjuntos comerciais, registando-se apenas a expansão do AlgarveShopping, e para 2014 apenas está previsto o Alegro Setúbal. Marta Esteves Costa referiu, por isso, que “a oferta está estável e não se prevê grande crescimento no futuro”, o que se poderá verificar é “a introdução de novos conceitos e uma aposta na fidelização dos clientes e na diferenciação”. Na sua opinião, a “fase da redução de custos, de recursos humanos, de poupar parece ter acabado e agora há uma nova forma de negociação, a postura dos retalhistas será seguramente diferente”. No comércio de rua lideram as zonas prime de Lisboa e Porto com a “abertura de grandes nomes do retalho internacional”.
No segmento residencial a C&W começa por avançar que, em 2013, existiu uma “ligeira recuperação”, sendo que a “procura positiva é em parte explicada pela correcção que os proprietários têm vindo a fazer nos valores de transacção praticados”. Marta Esteves Costa evidenciou, no entanto, que ainda existe "um montante considerável" de casas para escoar no mercado nacional mas poderão existir excepções como é o caso do aumento da oferta e procura em zonas como “Cascais, Estoril, Expo e Avenidas Novas”. Para 2014, “os Golden Visa, através dos investidores privados, vão contribuir para o aumento da compra de casas”, no entanto, “não tem ainda dimensão para provocar uma retoma do mercado no seu todo”.
No segmento de hotelaria, em 2013, existiu uma evolução na procura, tanto em nível de número de dormidas, como de número de hóspedes. Marta Esteves Costa considera, no entanto, que existe “um excesso de oferta”, nomeadamente de “hotéis de gama alta que têm vindo a praticar preços de quatro estrelas”. Ainda assim, defende que os preços baixos praticados na hotelaria nacional poderão levar a “um aumento da procura” e com isso “inverter a tendência de preço baixo”.