A CBRE destaca a continuação de uma dinâmica muito positiva no sector imobiliário português no primeiro semestre de 2017 e a probabilidade de atingir ainda um novo recorde histórico, próximo dos três mil milhões de euros.

Na análise feita pelo departamento de Research da CBRE, foi possível apurar que o investimento alcançado nos primeiros seis meses do ano e os activos que estão e deverão entrar no mercado elevam as expectativas de fecho do ano para valores superiores a dois mil milhões de euros, ou seja, 50% acima do ano passado e um valor idêntico ao recorde atingido há dois anos.

O investimento nacional representou apenas 10% do volume de investimento em imobiliário comercial do primeiro semestre, embora com um peso de 41% no número total de transacções.

No mercado de escritórios, tendo em conta o tempo necessário para construir um novo edifício, a escassez de espaços de qualidade permanecerá um problema nos próximos dois anos. Apenas 10.800 m2 chegarão ao mercado em 2017 e, considerando os projectos em construção, apenas outros 11.000 m2 estarão disponíveis em 2018, na Torre de Lisboa (Fontes Pereira de Melo 41) e no Espaço 7 Rios.

Nos centros comerciais têm sido raras as aberturas de novos empreendimentos. No primeiro semestre não abriu nenhum novo empreendimento; contudo até ao final do ano está prevista a inauguração de três projectos, Mar Shopping Algarve, Designer Outlet Algarve e Évora Shopping, com uma área total de 94.100 m2.

Cristina Arouca, directora de Research da CBRE, afirma que “os números globais do sector imobiliário português no primeiro semestre são francamente positivos, apresentando uma evolução para a qual contribuiu um cenário de confiança proveniente da trajetória de recuperação económica do País”.

No mercado de investimento em imobiliário comercial foram captados mil milhões de euros para o País, um valor muito em linha com o observado no período homólogo, e um total de 22 transacções.

Este valor de investimento foi alavancado pela venda por parte da Blackstone da empresa Logicor, líder europeia no sector logístico, à China Investment Corporation, uma transacção que compreendeu 16 propriedades em Portugal. Outros negócios relevantes neste período incluíram a venda de dois centros comerciais, o Forum Viseu e o Forum Coimbra, ao REIT Sul-africano Lodestone, assim como a alienação do Vila do Conde Nassica Outlet à Via Outlets, esta também uma operação integrada num portefólio europeu.

Destaque ainda para a venda de um grande portefólio imobiliário por parte da companhia de seguros Tranquilidade, composto por ativos de rendimento comercial assim como outros imóveis para reabilitação ou conversão noutros usos.

Existe actualmente um volume significativo de activos em negociação ou que deverão entrar em comercialização em breve, incluindo dois portefólios de centros comerciais e outros dois com diversos edifícios de escritórios, assim como muitos outros activos avulsos de escritórios, logística, supermercados, hotéis e centros comerciais.

Contrariamente às expectativas partilhadas no início do ano, quando as taxas de juro da dívida pública a 10 anos ultrapassaram 4%, a CBRE evidencia uma compressão das taxas de rentabilidade (yield) no primeiro semestre. Nos escritórios verificou-se uma redução de 20 pontos base (p.b.) no CBD1 para 4,8%. No comércio, os centros comerciais prime mantiveram a taxa de rentabilidade nos 5% enquanto os centros prime secundários e os bons centros secundários registaram decréscimos de 25 p.b. para 5,25% e 6,5% respectivamente. No comércio de rua de Lisboa também se verificou uma queda de 25 p.b. para 4,75%. A taxa de rentabilidade dos armazéns de logística manteve-se em 6,5% este semestre.

Imagem: Mar Shopping Algarve