As 11as Jornadas de FM (Facility Management) arrancaram no dia 15 de Novembro, no Fórum Tecnológico de Lisboa, e grande parte do tempo, os presentes, entre oradores e participantes, debateram sobre o FM e  reflectiram sobre pessoas, tecnologia e espaços.

Com as mudanças constantes que se verificam a cada segundo, a forma como se pensava e fazia FM há 10 anos é completamente diferente da forma como se pensa e faz o FM hoje e da forma como se prespectiva o seu futuro. O FM dos nossos dias está focado, acima de tudo, no utilizador final dos edifícios e da tecnologia. Essa é a grande proposta de valor acrescentado para o presente e a tendência do futuro.

Tiago Rocha, da ISS, Kashif Moin, da EEE, Noémi Martin, da 3G Office, Carlos Jesus, Sonae Sierra e Francisco Rebelo da FMH/UL, deram voz aos temas do painel ‘FM User Satisfaction e Innovation’. Cada um na sua área de negócio deu a conhecer à plateia os principais desafios do FM nas suas especialidades.

Tiago Rocha, referiu-se ao papel e importância que o FM tem na captação e retenção de talento nas empresas. Acrescentando ainda que o standard de uma organização poderá não ser o standard de outra organização. Por isso, realçou a importância da recolha de informação, processamento dessa informação, aplicação da estratégia definida e consequente comunicação e formação junto das equipas. Só assim será possível ‘personalizar’ a oferta de serviços, adequada às necessidades do cliente final e dos utilizadores.

Do ponto de vista da arquitectura dos edifícios, Noémi Martin trouxe até ao evento o conceito de edifício holístico. Sem perder de vista o plano de sustentabilidade, a tendência real é projectar e construir com grande qualidade espacial e conforto. No campo da gestão e manutenção e a relação entre a empresa e as pessoas que a constituem, o FM terá como objetivo melhorar os impactos na nossa saúde física e mental. Existem sete variáveis a considerar para a gestão holística das organizações (ou dos espaços): ar, água, alimentação, luz, desporto, conforto e mente.  Kashif Moin faz-nos reflectir sobre ‘se a luz será importante para a satisfação do utilizador’. Não só nos explicou que a luz influência diretamente os níveis motivacionais dos utilizadores dos espaços, como pode ser uma excelente ferramenta de marketing ao serviço das empresas. A luz poderá influenciar a forma como os outros utilizadores visualizam um produto, por exemplo, suscitando-lhes  a necessidade de compra.

Carlos Jesus trouxe a debate a importância da tecnologia na gestão dos centros comerciais, por se tratar da sua área de negócio. Segundo o orador, “a tecnologia ao serviço do FM permite conhecer as pessoas, interagir com elas e influenciá-las”. Desta forma, a tecnologia permite-nos escala, permite-nos tempo e permite-nos reduzir custos. Já Francisco Rebelo trouxe a debate ‘O impacto da ergonomia no trabalho’. E esta análise ergonómica do local de trabalho deverá ser, sempre, racional e emocional.  Criar valor nas organizações e tornar a vida das pessoas mais saudável, segura e divertida, através do design de bons interfaces é um dos principais desafios actuais.

Luís Orvalho, da JLL, Paulo Marchioni, Maria Rosa Giraldez, da Nokia, Luís Rosa, do Deutsche Bank, Bento Aires, da Macair e Mariana Coimbra, da TDGI participam na mesa redonda subordinada ao tema ‘FM e o Real Estate: Duas faces da mesma moeda?’.

O FM, o ambiente e a economia sustentável foi o tema de arranque dos painéis da parte da tarde. António Tavares, Frederico Viana, da Siemens e Mário Correia, da Archibus foram os oradores convidados para trazer ao evento o tema ‘A Agenda 2030 e o Papel do FM’.

Neste contexto, António Tavares começou por explicar que a agenda 2030 se trata da nova agenda de cação até 2030, um novo modelo global para acabar com a pobreza, promover a prosperidade e o bem-estar de todos, proteger o ambiente e combater as alterações climáticas. Estes novos objectivos têm já em consideração o carácter multipolar do mundo e a evolução da geografia da pobreza. E os novos desafios mundiais são: as alterações climáticas, as epidemias, as novas ameaças à segurança, o terrorismo, as transformações no financiamento do desenvolvimento e o avanço tecnológico. António Tavares mostrou também quais os 5 P’s estratégicos para Portugal, no âmbito da Agenda 2030 da ONU: Pessoas, Prosperidade, Planeta, Paz e Parcerias.

Mário Correia começou por dizer: “Não faças nada hoje que comprometa as gerações futuras”. E no momento seguinte reforçou que em 2050, 70% da população mundial vai ser urbana. É bom? É mau? Cabe ao FM gerir todo este ambiente construído que vai suportar esta população futura.

Por fim, Frederico Viana apresentou o caso da Siemens e as medidas que são implementadas no dia-a-dia para tornar a empresa economicamente mais sustentável. A Siemens pretende ter uma pegada de carbono zero até 2030. Mas o futuro começa já hoje. Isso passa pela utilização de veículos com baixas emissões, implementação de sistemas de energia próprios, ajuste dos hábitos de consumo energético dos diversos pisos, entre outras medidas.

A tarde terminou com a reflexão sobre a segurança com a participação de Pedro Mendonça, da APCC, Ana Ferreira, da APSEI, e José Gandra.

Ana Ferreira mostrou aos participantes as principais inovações na segurança contra incêndios, essencialmente, no que toca à parte da detecção de incêndio (detecção por aspiração e sistemas via rádio) e sinalização de segurança, com vista à segurança do edifício e dos ocupantes. Pedro Mendonça, aplicou o FM ao caso concreto da gestão dos centros comerciais, já que são diversas as áreas onde o FM tem de pensar e agir no caso de um centro comercial - incêndios/explosões, inundações, sabotagem, urgências médicas, acidentes industriais, acidentes laborais, roubos/assaltos, furtos/intrusões, roubos/furtos internos, perda desconhecida –no sentido de reduzir, preferencialmente, ou anular, este tipo de ocorrências, procurando soluções que visam diminuir o erro humano, reduzir a ineficiência e ainda baixar os custos.

A interlocutora salientou que, actualmente, os grandes desafios da área de segurança dos centros comerciais devem-se ao aumento da complexidade dos edifícios, integração tecnológica em todas as vertentes de Facility Management; pressupostos de referência para a continuidade do negócio. Terminando a sua intervenção com uma questão: No futuro poderemos ter robôs a prestar serviços de manutenção, vigilância, limpeza, atendimento ao público, etc. nos centros comerciais?

José Gandra trouxe ao evento o tema da reabilitação urbana e as variáveis a considerar para a manutenção da segurança antes, durante e após a obra.

Ao longo do dia, o evento contou com a presença de alguns oradores internacionais, especialistas em FM, tais como Paulo Marchioni e David Martinez.

Recorde-se que as 11as Jornadas de FM terminam no dia 16 de Novembro, no Fórum Tecnológico de Lisboa, estando previsto o debate e a reflexão de temas como ‘Como a tecnologia torna o FM mais Humano’, ‘O Procurement e o FM: criação de valor em todo o ciclo’, ‘O impacto da manutenção num mundo 4.0’ e ainda ‘ISO41000: um novo capítulo para o FM’.