Manuela Medeiros, empresária que fundou a bem-sucedida cadeia de lojas de complementos de moda e acessórios Parfois, comprou, ao grupo Amorim, o edifício Imperial, localizado na Praça da Liberdade, por um montante de 12 milhões de euros.

De acordo com a edição do Imobiliário, publicado na Vida Económica, a venda do edifício Imperial na Baixa – onde funcionou, durante décadas, ao nível do r/c, o badalado café Imperial, e que foi substituído em finais do século XX pelo restaurante McDonald’s, num processo pouco pacífico, apesar do projecto de adaptação, do arquitecto Alexandre Burmester, ter conseguido preservar o seu interior -, foi iniciada e conduzida ainda pelo empresário Américo Amorim, numa altura em que o mercado não tinha atingido os preços elevados que agora são usuais nas transacções imobiliárias.

De acordo com fontes que conhecem os pormenores do negócio, o empresário Américo Amorim, tinha expectativa de conseguir os 10 milhões de euros pela venda do edifício e, apesar do interesse manifestado por alguns operados, especialmente cadeias hoteleiras, a transacção não se concretizou devido ao preço elevado. Mais recentemente, alguns interessados manifestaram o interesse, contudo o empresário informou-os de que agora o valor de venda já era superior.

O imóvel, que ocupa os números 126 a 130 da Praça dos Aliados, apresenta uma área bruta de 3874 m2, num total de área locável de 3276 m2.

Actualmente, o principal arrendatário é o Café McDonald’s, cujo contrato de arrendamento se iniciou a um de Janeiro de 1995, e termina, possivelmente, em 2020. Este operador paga cerca de 21 mil euros mensais, por uma área de mil m2, ocupando parte significativa da cave e r/c.

O segundo ocupante é uma loja que vende cautelas, situado ao lado do McDonald´s, que paga uma renda mensal de 640 euros, por 160 m2, sendo o contrato de 1938.

O edifício, que se desenvolve por cinco andares e que apresenta a quase totalidade da área dos andares superiores devoluta, tem, curiosamente, ao nível do quinto piso, os escritórios de uma unidade hoteleira, o hotel Peninsular, de duas estrelas. Este piso apresenta um avançado que faz ligação com um outro edifício, onde funciona o hotel, que tem entrada pela Rua Sá da Bandeira. O hotel Peninsular, cuja localização é privilegiada, apresenta uma classificação de Bom (7,4), no site de reservas Booking.com.

O contrato de arrendamento do quinto andar data de 1971, num total de 440 m2 de área e um valor de renda de 348 euros por mês.

Desta forma, o edifício Imperial, cujo destino futuro poderá ser a sua transformação num condomínio residencial, unidade hoteleira, ou simplesmente a sua adaptação para escritórios e lojas – a versão que circula no mercado, mas que não foi possível confirmar -, apresenta, actualmente, uma área total locada de 1587 m2 e uma área devoluta de 1689 m2. No total o edifício Imperial apresenta um rendimento anual em rendas de 259 mil euros.

De acordo com os dados históricos, o edifício Imperial foi inaugurado em 1935, tendo sido projectado por Ernesto Korrodi (1889-1944) e pelo seu filho Camilo Korrodi (1905-1985), com um estilo decorativo de Art Déco que surgiu na Europa, e que predominou na década de 20. No interior destacam-se os frescos do escultor Henrique Moreira e um vitral de Ricardo Leone.

Embora as tentativas, junto do grupo Amorim e da empresária Manuela Medeiros, para confirmar o negócio, os dois grupos não se mostraram disponíveis.

Elisabete Soares