A empresa angolana Urban Way transforma contentores marítimos abandonados em habitações, escritórios e lojas. Trata-se de um trabalho que significa uma alternativa às casas pré-fabricadas e que já lhe valeu o reconhecimento internacional.

Por ano, são abatidos, em todo o mundo, cerca de 2,4 milhões de contentores marítimos, depois de terem sido utilizados para transporte. Na maior parte dos casos, estão em boas condições, mas os custos de repatriamento são tão elevados que acabam por ser abatidos no local de descarga.

Consciente desta realidade, a empresa angolana Urban Way começou, no início de 2014, a dedicar-se à reciclagem destes contentores, transformando-os em habitações, escritórios e lojas. Um trabalho pioneiro naquele país que lhe valeu já o reconhecimento internacional, tendo, em Setembro, sido distinguida com o prémio de “Melhor Negócio de Reciclagem de 2014”, pela organização tailandesa “The World

of Professionals”.

Para o director-geral da empresa, Egídio Pinto da Silva, “esta é uma solução habitacional ecológica, económica e sustentável”, garantindo que, “depois de transformado, o contentor-habitação é um local impermeabilizado, 100% climatizado e de fácil manutenção”.

Para já, admite o responsável, “o negócio passa ainda muito por vendas às construtoras, que têm a necessidade de alojar, em obra, por exemplo, três a cinco mil pessoas num curto espaço de tempo”. No entanto, acredita que o segmento das famílias é um mercado com muito potencial.

“Esta solução poderá vir a ser uma alternativa viável às casas pré-fabricadas que actualmente estão a ser construídas um pouco por todo o país”, defende Egídio Pinto da Silva.

O modelo base, com um quarto, uma kitchenette e um wc, tem preços a partir de 15.500 dólares enquanto uma versão maior, de tipologia T4+, para uma família média angolana, pode custar 99.600 dólares. Neste caso, terá quatro quartos, todos em suite, isto é com wc, uma cozinha, uma sala de estar e um varandim superior. Existem também soluções de tipologia T2, com preços a partir de 49.000 dólares.

Aliada ao preço, junta-se a versatilidade dos contentores. Segundo Egídio Pinto da Silva, “podem ser criadas as lojas mais diversas, como cafés, e até postos médicos; os contentores podem ser transformados em estufas e abrigos para ferramentas e sementes; no que se refere à indústria, podem destinar-se à torrefação, panificação, moagem, tratamento de mel, entre outras”.