Miami foi uma das cidades mais fustigadas pela bolha imobiliária americana. Mas como uma “fénix renascida das cinzas”, é agora uma das cidades mais procuradas pelos estrangeiros para a construção de condomínios.

A notícia, avançada pelo Wall Street Journal através da agência Reuters, relembra que esta cidade no pico da crise possuía zonas fantasma onde proliferavam os condomínios semi-vazios e com valores a cair, segundo a Associação dos Correctores de Miami, na casa dos 60%. Deixou de se dar apoio bancário a investidores, construtores e compradores. Mas ao que parece este cenário está a mudar; aliás, neste momento, a procura já supera a oferta.

Segundo a Condo Vultures LLC, uma consultora do sector imobiliário, há 118 novos condomínios propostos para a área de Miami, incluindo 35 em construção. Os 41 condomínios em projecto localizados no centro da cidade vão aumentar para 12.100 unidades, ainda que este número fique aquém das 22.200 unidades construídas durante o boom imobiliário, entre 2003 a 2008.

Por outras palavras, começa a repetir-se o cenário de pujança construtiva e de promoção imobiliária que se vivia em Miami antes do crash imobiliário. Ainda assim, os contornos desta nova realidade diferem do início dos anos 2000.

Com efeito, como a notícia explica, a procura internacional criou um novo modelo de financiamento que se apresenta mais seguro que os empréstimos bancários do último boom construtivo e mobiliário. Agora, as imobiliárias passaram a exigir o pagamento de um valor mínimo, geralmente 50% do valor do imóvel, antes de fechar a venda do imóvel. Com estas novas condições de pagamento, passou-se a depender mais dos depósitos dos compradores e menos dos empréstimos bancários.

Os investidores estrangeiros vieram criar estas novas oportunidades ao sector da construção e do imobiliário não só em Miami, como em muitas ootras regiões americanas. Este tipo de investidores geralmente pagam em dinheiro e têm como objectivo arrendar os imóveis. Cerca de 85% a 90% dos compradores de novos imóveis são estrangeiros, a maioria da América Latina. Segundo o estudo da Associação dos Correctores de Imóveis de Miami, divulgada em Novembro, os venezuelanos representam a maior parte dos compradores estrangeiros de imóveis na cidade, com14% do total. Brasileiros e argentinos ocupam o segundo lugar, cada um com 11%. A Colômbia e o Canadá vêm em terceiro, com 8% cada.

Os compradores revelaram que se sentem atraídos pela atmosfera cada vez mais cosmopolita e as crescentes opções culturais de Miami, além de consideram esses investimentos mais seguros do que deixar seu dinheiro em países de economia mais instável, como Argentina e Venezuela.