O volume de negócios proveniente da venda de imóveis de empresas em toda a Europa mantém uma trajectória ascendente que, de acordo com a consultora imobiliária CBRE, deverá atingir os 20 mil milhões de euros em 2015.
A mais recente análise da CBRE revela que a venda de activos por parte de empresas continua a subir, motivada pela necessidade de financiar mudanças estratégicas e por uma crescente aceitação no mercado de estruturas financeiras inovadoras. Este fenómeno surge num momento em que o investimento imobiliário comercial na Europa deverá crescer pelo sexto ano consecutivo, após ter superado os 220 mil milhões de euros em 2014.
Richard Holberton, responsável pelo Research de ocupantes da CBRE EMEA, comentou: “Embora ainda existam alguns riscos de investimento associados à coesão da Zona Euro, e ao impacto de um crescimento mais lento na China e noutros mercados emergentes, o interesse por investimento imobiliário continua a ser elevado. Apesar de a venda de imóveis por parte de empresas estar a aumentar em toda a Europa, a sua quota do mercado global está a ficar mais reduzida. Em 2008, no início do pico da crise financeira, as alienações corporativas representavam 18% do mercado total, ou seja, aproximadamente uma em cada cinco vendas. Este valor foi reduzido para metade o ano passado, para apenas 9%. Estes números brutos reflectem uma tendência interessante que coloca em destaque uma maior procura por parte das empresas por contratos de arrendamento de curto prazo, em transacções de sale and leaseback, devido à necessidade crítica de flexibilidade, ainda que isso possa reduzir o valor da transacção”.
Na Zona Euro, nos últimos 18 meses, o Reino Unido liderou a tabela com as alienações empresariais a representarem 29% do total do mercado. Logo atrás surge a Alemanha com 22% de quota de mercado. O Reino Unido e a Alemanha dominam este sector com mais de metade do mercado (51%). Este valor é consistente com a média registada na última década, apesar do Reino Unido seguir um pouco na frente e de a Alemanha ter ficado ligeiramente para trás.
Para a percentagem registada no Reino Unido contribuíram algumas grandes transacções feitas no sector do retalho, alienações de escritórios feitas na zona central de Londres, assim como de imóveis de uso-misto. Holanda (9%), França (7%) e Espanha (7%) são responsáveis por pouco menos de um quarto do mercado em 2014-15, e a região nórdica por mais 15%. À parte de Espanha, onde a quota de mercado mais recente ronda a média dos últimos dez anos, os resultados no Sul da Europa têm sido comparativamente mais fracos, com Itália a conseguir apenas 3% do mercado face aos 7% habituais.
A melhoria das condições económicas, a diminuição do desemprego e o maior crescimento do consumo em toda a Europa está a proporcionar um cenário positivo para a aquisição de activos nos sectores do retalho e industrial. No primeiro semestre de 2015, as alienações empresariais do retalho atingiram os 2,2 mil milhões de euros, valor muito semelhante aos 2,4 mil milhões de euros registados em 2014. O setor industrial registou igualmente uma subida, revelando uma quota de mercado de 14% em 2014-15, valor superior à média dos últimos anos de apenas 9%.
O mercado de escritórios continua a ser o mais forte em alienações empresariais, representando 38% de toda a actividade no primeiro semestre de 2015. Além disto, os prédios de uso misto representam agora 5% do total do mercado, com um volume de negócios de 442 euros na primeira metade de 2015, em comparação com os 100 milhões de euros em todo o ano de 2014.
Cristina Arouca, directora de Research e Consultoria da CBRE Portugal, afirma que “em Portugal observamos também uma tendência por parte das empresas em alienare o seu património. Os motivos variam entre objectivos de concentração no core-business da empresa, a necessidade de financiamento de estratégias de crescimento, o resultado de decisões de reestruturação ou equilíbrio do balanço financeiro. As principais transacções verificam-se no sector do retalho, nomeadamente supermercados e agências bancárias, assim como no sector hoteleiro numa óptica de separação da propriedade da gestão do imóvel. A CBRE estima que as transacções corporativas realizadas nos últimos dois anos, representem 10% do investimento efectuado em imobiliário comercial, à semelhança do que se passa actualmente, em média, no resto da Europa”.