O aumento da liquidez e o baixo custo de capital resultaram em níveis recorde de investimento asiático no sector hoteleiro na Europa, em 2015, revela a consultora CBRE.
De acordo com o mais recente estudo da CBRE ‘Check In’, sobre o investimento em hotelaria na Europa, registou-se um valor de 1,6 mil milhões de euros de investimento neste sector no último ano, representando 21% do total de transacções do sector hoteleiro europeu. Esta é a mais elevada percentagem de investimento asiático, tendo em consideração quaisquer classes de activos comerciais, como Escritórios (17%), Retalho (9%) ou Industrial (5%) e uma subida de 393% desde o pico de mercado do último ciclo de 2007.
Os activos hoteleiros premium em capitais europeias ou cidades de forte vocação turística continuam a ser muito atractivos. No entanto, os investidores asiáticos estão cada vez mais activos no espaço das três e quatro estrelas, dadas as sólidas perspectivas de crescimento de capital e o crescimento da confiança nas suas capacidades operacionais.
Eduardo Abreu, partner da neoturis, empresa participada pela CBRE, afirma que “são boas notícias para Portugal, onde a entrada de grupos com origem asiática já ocorreu com a aquisição dos hotéis Tivoli, sendo que Lisboa e Algarve se encontram no radar de investidores desta região; quer ao nível de hotelaria de cidade quer de unidades hoteleiras integradas em resorts”.
Dominic Murray, director de transacções hoteleiras da CBRE EMEA, comentou: “Verifica-se nas regiões asiáticas uma rápida acumulação de riqueza. De forma a prevenir bolhas imobiliárias em mercados locais, tem existido uma mudança de investimento para o mercado internacional. Ao mesmo tempo, há uma diversificação na selecção de classes de activos”.
O interesse asiático em hotéis europeus fica ainda a dever-se a tendências de crescimento de viagens de origem asiática e ao custo de capital relativamente baixo.
Jileen Loo, director do Asia Desk da CBRE Hotels, explica: “Os investidores asiáticos têm uma percepção real do crescente apetite dos seus mercados locais por viagens internacionais, numa altura em que as economias nesta região – lideradas pela China – são desviadas do fabrico para a exportação em direcção a um modelo baseado no consumo, que envolve despesas e mobilidade. Este cenário confere-lhes a confiança necessária para minimizar os riscos e assegurar preços competitivos”.
“O custo dos empréstimos para grupos asiáticos tem sido favorável, com juros que se situam entre os 2,5% e os 4%. Quem conta com um histórico credível e com excelentes classificações de crédito tem naturalmente reunidas as condições para conseguir taxas mais favoráveis face a quem pede crédito pela primeira vez. É mais importante ter em consideração as flutuações cambiais. As empresas que precisam de pedir empréstimos esperam geralmente uma margem entre 200 a 300 pontos base acima do custo do empréstimo para justificar o investimento no mercado internacional”.
No que respeita ao nível geral de investimento em hotéis europeus, a CBRE Hotels estima que 2015 fechou transacções de volumes superiores a 20 mil milhões de euros, sendo assim um ano recorde. O aumento do investimento no sector fica a dever-se parcialmente ao crescente apetite da Ásia. No entanto, espera-se que o volume do investimento em 2016 seja idêntico ao de 2015 – e não superior – dadas as estratégias de longo prazo adotadas pelos investidores asiáticos e o consequente impacto que têm na disponibilidade de stock.
Foto: Hotéis Tivoli - Tivoli Lisboa