A crescente instabilidade geopolítica e o contexto de baixa dos preços do petróleo estão já a repercutir-se no Reino Unido, conduzindo os investidores privados do Médio Oriente para os activos imobiliários naquele país, revela a JLL.
“Esta tendência emergiu pela primeira vez há cinco anos aquando do despertar da ‘Primavera Árabe’ mas tem vindo a acelerar nos últimos 24 meses”, disse Fadi Moussali, head do grupo para o Médio Oriente e Norte de África da divisão de International Capital da JLL.
Tal tendência de deslocação para um destino de investimento mais seguro já é evidente entre os diferentes tipos de activos que esta classe de investidores procura.
“Os negócios a que estamos a assistir enquadram-se no leque sub-institucional e estão tipicamente avaliados entre os 20 e os 50 milhões de dólares, sendo que os activos preferidos são imóveis com alto rendimento e contratos de arrendamento de longa duração. Em suma, estão à procura de imóveis com boas yields e com boas perspetivas de longo prazo em termos de estabilidade”, acrescentou Moussalli. “Os recentes movimentos cambiais deram a esta tendência de compra um ímpeto adicional, já que a libra esterlina está no nível mais baixo dos últimos sete anos face ao dólar, ao qual a maioria das moedas do Golfo está indexada”.
A pressão para comprar também está a incitar os investidores do Médio Oriente a considerar activos secundários (não-core), e estes estão cada vez mais à procura de imóveis em localizações fora do mercado habitual de Londres, onde é mais fácil obter yields mais elevadas.
Embora os investidores típicos do Médio Oriente tenham até agora dado preferência a activos core de escritórios e retalho, esta busca por yields está agora a motivá-los a comprar oferta não-core como imóveis de logística, para cuidados de saúde e imóveis para alojamento de estudantes, sobretudo aqueles com um perfil de elevado rendimento a longo prazo.
“Com a procura de imóveis em Londres a aquecer, estes investidores estão agora a considerar investir em imóveis residenciais no Norte de Inglaterra, sobretudo onde yields razoáveis podem estar ligadas a um bom retorno de capital”, explicou Moussalli. “Um activo que gera yields de 5-6% ao ano e valoriza em torno dos 10-12% anualmente, será muito atractivo para um investidor – sobretudo quando consideramos que os retornos para imóveis comparáveis em Londres serão cerca de metade destes valores”.
Apesar da potencial saída britânica da União Europeia – o “Brexit”, que será decidida por referendo no Reino Unido a 23 de Junho de 2016 – poder ter motivado alguns investidores a adiar as decisões de investimento, outros podem ter visto este eventual abrandamento do ritmo de mercado como uma oportunidade para comprar.
“Vemos os investidores do Médio Oriente dispostos a assumir cada vez mais risco nas suas decisões de compra, e muitos deles não olham para o Brexit como um motivo de preocupação. De facto, alguns investidores estão tão dispostos a assumir mais risco que estão agora a apostar em projectos de promoção, embora muitas das vezes tendo como parceiro um promotor local reconhecido”, acrescentou Moussalli. “Contudo, ainda que alguns investidores do Médio Oriente tenham vindo a traçar estratégias aquisitivas, estes continuarão abertos a vender os ativos do Reino Unido a curto e médio prazo”.
“De forma a gerar melhores retornos, alguns dos fundos soberanos do Golfo estão a assumir uma abordagem de mercado no que diz respeito à estratégia para o seu portefólio imobiliário – compram os ativos, criam valor e depois vendem”, diz. “Estes fundos soberanos que compraram imóveis no Reino Unido durante a crise do crédito de 2009-2011 estarão agora a avaliar aqueles ativos tendo em conta o valor que criaram nos últimos cinco anos”.