Pela primeira vez em mais de 12 meses, as rendas residenciais deverão crescer em todas as 15 cidades monitorizadas pelo ‘EMEA Residential Property Clock’ da JLL. Lisboa é uma das cidades analisadas.
No ‘Property Clock’ relativo ao 4º trimestre de 2016, que acompanha o desempenho dos mercados residenciais mais importantes da região EMEA e traça as suas perspectivas de evolução, a JLL dá conta de um crescimento das rendas no curto-prazo transversal a todas as cidades analisadas.
A rápida mudança demográfica e uma maior limitação no acesso à aquisição de casa própria contribuíram para este crescimento das rendas, marcando um contraste acentuado em relação aos 12 meses anteriores, quando cidades como o Dubai ou Paris registavam uma descida nas rendas.
O mercado residencial parece, contudo, ter já atingido o ponto mais baixo do seu ciclo actual, uma vez que apenas o Dubai apresentou uma descida residual das rendas no último trimestre.
Lisboa foi uma das cidades a evidenciar subida das rendas no 4º trimestre de 2016, tendência que deverá manter-se a curto-prazo, embora a JLL integre a cidade no grupo de mercados onde é esperada uma desaceleração no ritmo de crescimento. Para Patrícia Barão, Head of Residential da JLL Portugal, “o desequilíbrio entre a oferta e a procura de casas para arrendar é actualmente o principal factor para a subida das rendas em Lisboa.
Há também uma maior abertura da banca na concessão de crédito à aquisição de casa, opção tradicionalmente preferida pelos portugueses, o que se reflecte numa redução da procura para arrendamento por parte dos portugueses, mas que é compensada em parte, pelo aumento da procura por parte dos estrangeiros. Em termos de oferta, a redução é essencialmente devida à preferência por parte dos proprietários na colocação dos seus imóveis no Short Term Rental em detrimento do arrendamento tradicional”, acrescenta Patrícia Barão.
Paris registou também uma subida de 1,3% das rendas habitacionais ao longo de 2016, depois de um decréscimo de 1,3% no ano anterior. E, face à escassez de nova oferta em pipeline, a previsão da JLL é que as rendas nesta cidade continuem a crescer em níveis semelhantes ao longo deste ano.
Na região EMEA, Dublin é uma das cidades com maior crescimento de rendas e deverá continuar o ritmo intenso de subida este ano, com níveis de valorização elevados, ainda que abaixo dos dois dígitos. O stock de casas disponíveis para arrendamento está em mínimos históricos e as recentes mudanças no regime de Rental Predictability, em Dezembro de 2016, poderá empurrar mais senhorios para fora deste mercado, reduzindo ainda mais a oferta.
Entretanto, em Varsóvia, onde o ritmo de crescimento das rendas acelerou de forma constante neste último ano, o aumento foi ainda mais acentuado no 4º trimestre de 2016, com a renda média a subir 3% em relação ao trimestre anterior quer para o segmento de usados quer para a oferta nova.
O Residential Research EMEA Analyst na JLL, Philip Wedge-Bernal, comenta: “O Residential Rental Clock EMEA da JLL oferece um retrato actual dos mercados residenciais mais significativos da região EMEA e ilustra os movimentos das suas rendas no curto prazo”.
Philip Wedge-Bernal diz também que “o relógio aponta para uma tendência pan-europeia de subida das rendas habitacionais, que deverá manter-se no curto-prazo. As razões para este comportamento variam de mercado para mercado, mas existem fatores comuns a todas as cidades como a melhoria das condições macroeconómicas e a rápida mudança demográfica”.
Contudo, como salienta, “o factor mais significativo talvez seja o desequilíbrio crítico que existe entre a procura e a oferta. A tendência de urbanização está a criar pressão populacional nos maiores centros metropolitanos da região. Lamentavelmente, não está a ser construída oferta residencial suficiente para aliviar essa pressão, o que está a causar o crescimento das rendas por toda a região EMEA”.
“Embora a JLL preveja que as rendas vão recuperar em 2017, espera-se também que o ritmo da retoma sofra o impacto da incerteza política e económica. É provável que as eleições em países chave Europeus afecte a confiança do mercado, impactando negativamente no crescimento das rendas”, conclui.