Alguns sub-sectores de maquinaria e engenharia viram-se gravemente afectados, em todo o mundo, pela queda dos investimentos devido aos baixos preços da energia, avança o Relatório de Crédito y Caución.

De acordo com o mais recente relatório da Crédito y Caución, o sector de maquinaria e engenharia apresenta, a curto prazo, perspectivas favoráveis a nível mundial. No entanto, a seguradora de crédito salienta que muitas empresas relaccionadas com o fabrico de máquinas e equipamentos para o sector do petróleo e do gás foram gravemente afectadas, em todo o mundo, pela queda dos investimentos devido aos baixos preços da energia. A Crédito y Caución destaca a sensibilidade do sector às alterações nas prioridades e orçamentos dos seus clientes finais, à incerteza geopolítica e à volatilidade das condições económicas mundiais, incluindo a ameaça de aumento do proteccionismo e das barreiras comerciais.

Os rendimentos do sector nos mercados desenvolvidos são cada vez mais reduzidos devido à concorrência dos mercados emergentes. A Alemanha, onde o fabrico de máquinas e engenharia é um dos principais motores da economia, constitui um bom exemplo desta situação. Devido ao seu elevado índice de exportação, superior a 75%, o sector depende, em grande medida, da procura externa. No entanto, nos últimos anos, tem havido uma pressão cada vez maior sobre as margens devido ao aumento da concorrência, em especial da China, cada vez mais capaz de produzir máquinas de elevada qualidade.

Analisada a questão na perspectiva chinesa, há uma lacuna no desempenho do sector. Após o arrefecimento da economia, que provocou desde 2013 um excesso de capacidade, o sector orientou-se para o exterior conseguindo um crescimento global de 5,5%. Porém, 12% das empresas, valor considerado já relevante, registaram perdas cada vez maiores. “Temos observado que, desde 2014, são muitas as pequenas empresas fabricantes de máquinas que fecharam as suas portas e prevê-se que esta tendência continue. As empresas de menor dimensão e de propriedade privada enfrentam problemas de liquidez, o que leva a uma maior morosidade nos seus pagamentos e ao crescimento dos incumprimentos”, refere o relatório sobre a situação do sector na China.

As empresas de maquinaria britânicas orientadas para a exportação beneficiaram da debilidade da libra esterlina após a decisão do Brexit, registando um aumento da procura e da atividade. O sector italiano demonstrou ser relativamente resistente durante a crise devido à sua orientação para a exportação, à elevada especialização dos seus produtos e ao valor acrescentado da mecânica de precisão. Em França, o relatório insiste na elevada necessidade de capital do sector, cujas empresas podem incorrer em grandes dívidas que debilitam a sua estrutura financeira e a sua solvência. Nos Estados Unidos, o maior mercado de maquinaria do mundo, a participação dos fabricantes norte-americanos é de 50%. Neste mercado prevê-se que, em 2017, as empresas de maquinaria relaccionada com a construção civil possam beneficiar dos projectos de construção. Os produtos de engenharia de qualidade continuarão a ser muito exigentes na maior parte dos segmentos industriais em 2017 e 2018.

Um dos mercados próximos que regista uma maior deterioração do sector é a Polónia, afectado pela recessão da indústria de extracção do carvão desde 2012 e pelo enfraquecimento da procura russa.