O desenvolvimento turístico de Lisboa no período 2015-2019 deve assentar numa visão regional, integrada e alargada da oferta, com novas experiências, produtos e motivações. Este posicionamento vai aumentar a notoriedade e melhorar a performance do destino, com um crescimento global de receitas, de acordo com o documento da consultora Roland Berger.
A proposta de valor da região traduz-se num mosaico de experiências, com Lisboa a posicionar-se como uma região resort, moderna, oferecendo um leque alargado de múltiplas experiências ao longo de todo o ano. Isso será possível aprofundando a relação entre a cidade e a região e desenvolvendo novos produtos, além do city & short break, meetings industry (MI), cruzeiros e golfe, também o surf, mergulho, natureza ou turismo equestre, que permitam um aumento da estada média e de repeat visitors.
A visão integrada da região de Lisboa assenta na definição de cinco centralidades - com um elemento agregador que garante a sua identidade, coerência e relevância - e pressupõe a criação de experiências multi-centralidade, que ligam produtos chave existentes, como monumentos, museus ou golfe, alavancadas numa marca internacional forte - “Lisboa”.
De entre as centralidades definidas, Arrábida e Arco do Tejo serão desenvolvidas, enquanto as restantes três, que são igualmente marcas internacionais, surgem naturalmente da realidade turística actual da região: Lisboa, Cascais e Sintra. A centralidade de Lisboa passa a compreender duas realidades distintas, a cidade de Lisboa e os concelhos complementares: Almada, Amadora, Loures, Mafra, Odivelas e Oeiras.
A estratégia regional passa pelo reforço da abordagem de Cascais ao turismo de saúde e a sua promoção como principal pólo do turismo residencial na região em complemento dos actuais produtos. Em Sintra, o enfoque surge no desenvolvimento dos produtos para os quais existe um potencial de oferta forte, como o turismo aventura e a gastronomia, mantendo-se a âncora no turismo cultural. Na Arrábida, a abordagem alavanca nos ativos da Serra, em especial no turismo da natureza e enoturismo, enquanto a centralidade do Arco do Tejo assenta no Estuário do Tejo, no turismo náutico e também na sua oferta equestre.
Na cidade de Lisboa foram revistas as micro-centralidades, adequando-as à nova realidade. Surge, assim, uma nova micro-centralidade - Marquês de Pombal e Av. da Liberdade -, reconhecendo a sua relevância como destino de shopping e de negócios e há uma desagregação do centro histórico - Bairro Alto, Cais do Sodré e Santos, Baixa-Chiado e Alfama, Castelo e Mouraria -, mantendo-se as micro-centralidades de Belém, Parque das Nações e Frente Ribeirinha.
De acordo com o documento, a estratégia proposta irá permitir aumentar o contributo do turismo para a região - crescimento global de receitas da hotelaria de 5% ao ano e proveitos para 800 milhões de euros em 2019 -, melhorar a qualidade de serviço e a satisfação dos visitantes e incrementar a notoriedade de Lisboa nos mercados emissores prioritários.
Uma das novidades introduzidas é a recomendação da criação de um programa específico para a atracção e captação de investimento privado para o setor na Região, com incidência nas áreas atualmente menos desenvolvidas.
O documento defende igualmente a elevação de Lisboa a um novo patamar no segmento de MI, reforçando a captação de congressos de grande dimensão, o que apenas será possível através de um novo Centro de Grandes Congressos, e atrair novos segmentos através do Novo Terminal de Cruzeiros.
É proposto ainda o desenvolvimento de um projecto turístico-cultural integrado para o Eixo Belém-Ajuda, enfocado na melhoria da vivência e navegabilidade do espaço, e a conversão da antiga Estação Sul-Sueste para actividades marítimo-turísticas.
Ao nível da promoção internacional, a relação com os mercados espanhol, alemão e brasileiro deverá ser aprofundada, dado o potencial e margem para aumentar a sua relevância, através de uma abordagem regional. O foco global mantém-se nos restantes mercados prioritários: Reino Unido, França, Benelux, Itália e Angola.
O plano propõe também abordagens específicas de teste a mercados de elevado potencial, que se iniciarão com o mercado da China.
A proposta de Plano Regional de Turismo de Lisboa foi aprovada na generalidade em reunião de direcção da ATL e em sede de Comissão Executiva da ERT-RL. Após recolha de eventuais contributos, será conhecida a versão final do documento, a implementar a partir de Janeiro de 2015.
Foto: Turismo de Lisboa