Eduardo Abreu, partner da Neoturis empresa parceira da CBRE, definiu 2015 como o “melhor ano do turismo em Portugal em termos de procura”. Para 2016 vaticina o reforço da presença das marcas hoteleiras internacionais, o regresso do turismo residencial e a nova dinâmica da zona de Belém.

O facto de se ter verificado “um crescimento acima dos 10% nos últimos anos” cria, segundo Eduardo Abreu uma “pressão grande nos investidores” mas cria também “oportunidades de compra de hotéis e de terrenos” para esse efeito.

O representante da Neoturis recordou que em “Lisboa, no Porto e no Algarve o preço médio é ainda baixo comparativamente a outras cidades europeias, não de Londres ou Paris, mas de Barcelona, Viena ou Roma”. Por isso mesmo, os investidores “não podem pagar por um terreno para hotelaria o mesmo que pagariam para escritórios ou habitação”.

O interlocutor explicou também que “não existem muitas transacções de hotéis” no nosso País, considerando o caso dos Hotéis Tivoli um caso “esporádico”. Ainda assim, salientou que a “procura está a crescer” e que, com isso, “os hoteleiros ganharam ‘oxigénio’ e têm agora “cash-flow” para fazer face aos anos menos bons que tiveram.

Um dos destaques ao nível do sector do turismo é o facto de existir “interesse por parte das marcas internacionais em reforçar a sua presença em Portugal, principalmente em Lisboa” onde desejam hastear as suas “bandeiras”. Aliás, existem “investidores interessados em entrar em Portugal através dessas marcas”.

Uma das apostas inevitáveis do turismo vai ser na “reabilitação”, nomeadamente no “centro de Lisboa e para promoção residencial”, ou seja, para “aluguer de média e longa duração”. Eduardo Abreu considerou este tipo de investimento “inteligente” por parte dos promotores uma vez que “em dois ou três anos obtêm um encaixe de dinheiro e depois vão para o mercado vender a parte residencial” e “conforme está actualmente o mercado” vão posteriormente conseguir obter bons “lucros”.

Relativamente à eterna questão sobre se existe ou não excesso de oferta hoteleira na capital ou no Porto, Eduardo Abreu não se mostrou preocupado até porque, como referiu, “entre o número de hotéis anunciado e o que se concretiza, muitos ficam pelo caminho”. Ainda assim, existe a possibilidade de o número de hotéis poder vir a diminuir. Na opinião de Francisco Sottomayor, director de Development da CBRE, “os produtos que eram de habitação e que foram transformados em hotéis, porque durante um período o produto habitacional não se vendia, estão a acabar”.

Em 2016, de acordo com Eduardo Abreu, “Belém vai ter um papel importante na concentração de turistas”, derivado sobretudo da nova rota dos museus e de outras dinâmicas que poderão vir a criar o novo eixo turístico Belém-Chiado-Alfama.

Outra tendência para 2016 será a “retoma da promoção imobiliária ao nível do turismo residencial”, sobretudo nas “zonas mais consolidadas como o Algarve”. Esperam-se, pois, várias transacções de projectos de pequena e média dimensão, uma vez que naquelas áreas não existe stock relevante e o ritmo da procura tem aumentado.

Francisco Horta e Costa, director geral da CBRE, diz mesmo que “é expectável que no turismo cresçam as operações relacionada com a atraccão, selecção e negociação de operadores para a gestão de activos hoteleiros existentes ou em desenvolvimento, assim como a revisão conceptual de modelos de negócio para empreendimentos turístico-imobiliários integrados”.

Foto: Turismo de Lisboa / www.visitlisboa.com