As alas que faltavam ao Palácio da Ajuda desde a sua construção, há dois séculos, vão agora ser concluídas. O espaço vai alojar um museu no qual serão expostas as Jóias da Coroa Portuguesa.
O Primeiro-Ministro presidiu à cerimónia de assinatura do protocolo para conclusão da construção do Palácio da Ajuda, em Lisboa, cuja intervenção está prevista até ao final de 2018. António Costa salientou que “o turismo em Portugal já não é praia e campo. O turismo representa já 15% das exportações nacionais, tendo aumentado na ordem dos 10% este ano”; no entanto, relembrou que “é preciso que haja renovação da oferta, designadamente a partir da valorização do nosso património histórico”. Neste âmbito anunciou que o Palácio Nacional da Ajuda, com a instalação da exposição permanente das jóias da Coroa, será um novo pólo de atração de visitantes.
Presente no evento esteve também o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, que afirmou que a expectativa é que a exposição permanente das Jóias da Coroa tenha mais de 200 mil visitantes anuais e que contribua “para que o eixo Belém-Ajuda se alargue efectivamente à Ajuda” e vá “exponenciar a procura” e a “visita deste espaço”.
António Costa elogiou o projecto de autoria do arquitecto João Carlos Santos, funcionário da Direcção-Geral do Património: “Temos o saber, a competência e a qualidade entre os servidores do Estado. E, se é sempre muito difícil para alguém concluir uma obra de outrém, muito mais difícil isso é quando essa obra aguarda há 200 anos para ser completada”. Acrescentando que “era difícil termos no Palácio Nacional da Ajuda um maior equilíbrio entre a marca da contemporaneidade e o respeito e preservação da marca histórica aqui recuperada”.
Este projecto está orçado em 15 milhões de euros, dos quais 11 milhões de euros serão investidos pela Câmara Municipal de Lisboa e pela Associação de Turismo de Lisboa com dinheiro proveniente da cobrança da taxa turística em Lisboa. Os restantes quatro milhões de euros serão aplicados pela área governamental da Cultura, utilizando verbas da indemnização pelo roubo de algumas Jóias da Coroa Portuguesa, em 2002, numa exposição na Holanda.
Recorde-se que a primeira pedra do Palácio Nacional da Ajuda foi colocada em Novembro de 1795, mas o edifício - um dos maiores palácios da Europa - nunca chegou a ser concluído. Ao longo de dois séculos foram vários os projectos arquitectónicos para o edifício, sendo agora finalizado com uma fachada contemporânea e de linhas verticais.
Na ala Poente do palácio ficará o espaço museológico com milhares de exemplares das Jóias da Coroa e tesouros da ourivesaria da Casa Real, um acervo que ficará exposto numa caixa forte protegida com um sistema integrado de segurança. O acervo conta com 900 exemplares de jóias reais, 830 jóias de uso corrente, 4694 pratas utilitárias e decorativas, 172 peças de ordens e condecorações e vasta documentação e iconografia.
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