O administrador do grupo Vila Galé, Gonçalo Rebelo de Almeida, explica a fórmula para o sucesso internacional dos seus hotéis e quais os novos investimentos que poderão estar na calha.
O Grupo Vila Galé é dos grupos hoteleiros portugueses com maior sucesso a nível internacional. A que se deve este êxito?
Entre os pontos fortes da marca Vila Galé destacaria desde logo a simpatia das nossas equipas, a cultura de receber bem, de forma acolhedora e sem excesso de formalismos. Creio que esse é um dos principais pontos diferenciadores, mas há outros como a escolha de localizações privilegiadas para os hotéis da rede, ou na praia ou nos centros das cidades; o conforto e o cuidado em acompanhar as tendências tanto ao nível da decoração, como dos serviços prestados e das experiências que disponibilizamos aos nossos hóspedes; o foco no turismo para famílias – por exemplo, tanto em Portugal como no Brasil, as crianças até aos 12 anos que fiquem alojadas no mesmo quarto dos pais, não pagam; os preços competitivos. Todos os anos fazemos renovações nos hotéis para manter os padrões de qualidade, acompanhar a evolução tecnológica e surpreender os clientes. É por isso que nos nossos hotéis fazemos uma forte aposta na animação para crianças e adultos, que temos diferentes iniciativas de gastronomia e vinhos – até porque o grupo também detém os vinhos Santa Vitória, produzidos no Alentejo –, que inovamos nos spas Satsanga. Sabemos que hoje, quando escolhem um hotel, os clientes procuram não só alojamento, mas também experiências que marquem e que enriqueçam a sua estada e é nesta lógica que temos estruturado a nossa oferta.
Estando presente no Brasil há vários anos, quais as maiores dificuldades e desafios que sente neste mercado?
A Vila Galé chegou ao Brasil em 2001, quando abriu o Vila Galé Fortaleza. Apaixonámo-nos pelo país e começámos por investir na hotelaria de praia, mais virada para estadas de lazer. Fomos, aliás, dos primeiros a lançar o conceito de resort e pioneiros na introdução do sistema all inclusive. Hoje, a Vila Galé é o maior grupo de resort do país. Ao longo dos anos, fomos diversificando e passámos também a ter hotéis de cidade, que conjugam a vertente de turismo de lazer com o segmento corporate. No total, temos já sete hotéis no Brasil. A proximidade cultural e linguística e a identificação de oportunidades na hotelaria e no turismo foram, e continuam a ser, fortes incentivos para seguirmos esta estratégia. Naturalmente que o mercado brasileiro também representa desafios. Neste ponto, referiria a burocracia e a morosidade de alguns processos. Do ponto de vista do investidor, é também fundamental que haja estabilidade política, social, fiscal e laboral. E que exista uma definição clara e transparente das regras de mercado, das necessidades de licenciamentos e aprovações.
Tendo em conta o seu know-how no mercado brasileiro, considera que o Brasil é uma boa porta para a internacionalização das empresas portuguesas ou este passo deve ser bem acautelado face ao actual panorama do País?
Tal como já referido acima, continuamos a acreditar no Brasil, e a prova é que estamos a construir um novo resort, em Touros, perto de Natal, no Rio Grande do Norte. E não descartamos a hipótese de vir a ter unidades hoteleiras noutras localizações do país. Consideramos que continuam a existir oportunidades de crescimento na hotelaria e no turismo no Brasil. E apesar da crise económica, não temos sentido quebras na operação. No Brasil, os hotéis Vila Galé são sobretudo procurados por brasileiros, que pesam 90% na ocupação e nas receitas. Os hotéis de cidade (Fortaleza, Salvador, Rio de Janeiro) tiveram alguma quebra porque o segmento corporate e o turismo de negócios abrandou. Mas os resorts têm tido boa performance, em linha com os anos anteriores. Por outro lado, o nível de satisfação dos brasileiros com os conceitos e oferta da Vila Galé é notório.
A estratégia do Grupo passa pela abertura de mais unidades neste país, para lá do Vila Galé Touros, ou poderão vir a entrar em novos mercados internacionais?
O Brasil continua a ser estratégico na expansão do grupo e, além do Vila Galé Touros, cidades como São Paulo ou Alagoas estão no radar do grupo. Em Portugal também temos cinco projetos em carteira – Porto Ribeira, Sintra, Serra da Estrela, Braga e Elvas – com inaugurações previstas entre o ultimo trimestre de 2017 e final de 2018. Estamos sempre atentos a oportunidades. Mantemos o interesse em ter uma segunda unidade em Lisboa, onde já temos o Vila Galé Ópera, em Alcântara, mas o preço dos ativos imobiliários está claramente inflacionado e tem inviabilizado este investimento. No estrangeiro, Espanha, em particular Madrid ou Barcelona, Cuba, Moçambique, Cabo Verde também podem ter potencial para nós.