O ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia afirmou que as interligações europeias na área energética poderão “atrair projectos de investimento” e “criar emprego para exportar electricidade” a partir de fontes de energia renováveis.

Esta afirmação foi proferida por Jorge Moreira da Silva, ontem, no seminário “Portugal e a Segurança Energética Europeia”, que decorreu em Lisboa. Neste evento, declarou que Portugal deverá “beneficiar muito destas interligações”, pois a sua criação “vai permitir desenvolver novos clusters, novos empregos, e este é o maior desígnio que deveremos assumir”, referiu o ministro que acrescentou que, assim, os países para os quais Portugal poderá exportar “podem cumprir os seus objectivos a um custo mais baixo do que se não pudessem beneficiar da importação de electricidade renovável a partir de Portugal”.

Em relação ao gás, Jorge Moreira da Silva referiu o facto de a União Europeia importar da Rússia quase 40% deste tipo de energia, sendo a tendência para um agravamento desta dependência energética: “Na União Europeia passamos de 60% para 80% de dependência do gás até 2030, e passamos de 80% para 90% de dependência no petróleo neste ano, pelo que a tendência de agravamento da insegurança energética está aí”, sublinhou.

É, portanto, preciso olhar para o tema das interligações como “uma condição fundamental” para superar o desafio energético de hoje, mas principalmente em relação ao futuro. “Se hoje já temos uma dependência exagerada de um país, a tendência de aumento do consumo poderá, se não fizermos nada, tornar essa dependência ainda maior”, disse o ministro.

Mas, “é aqui que a Península Ibérica se apresenta como uma oportunidade”. “Portugal não depende absolutamente nada do gás da Rússia, mas isso não significa que não queiramos oferecer à União Europeia uma oportunidade de redução dessa dependência energética”. As importações portuguesas de gás são feitas a partir da Argélia.

A Península tem sete terminais de gás natural liquefeito natural, dos 12 que existem na União Europeia. “Sem nenhum investimento nestes terminais e no armazenamento temos, com as actuais interligações ao nível da energia, a possibilidade de substituir, a partir da Península Ibérica, 5% das importações do gás da Rússia”, afirmou.

Com as interligações que já estão na lista de projectos prioritários, a Península poderá vir a substituir 9% das importações de gás da Rússia, mas com as interligações necessárias para a Península tirar partido dos terminais de gás natural liquefeito será possível substituir metade das importação de gás provenientes da Rússia.

Para que a Península Ibérica “ofereça esta possibilidade de substituir a importação de gás” é preciso que “a União Europeia assuma as interligações como uma oportunidade Europeia e não como um favor, mas como uma prerrogativa”.

O financiamento do investimento principal nas interligações, terá de ser feito pela União Europeia, pois “Portugal não depende absolutamente em nada das importações de gás da Rússia”. “O que estamos a oferecer é a oportunidade de Portugal e de Espanha substituírem 50% dessas importações, para aumentar a segurança energética europeia”, concluiu.