A Faculdade de Ciências apresenta hoje aos deputados na Assembleia da República os resultados de um inquérito promovido junto dos portugueses em matéria ambiental. O mesmo revela que a economia verde é mais importante do que a reindustrialização e que os portugueses têm pouca “fé” nos políticos e nas empresas para melhorar a nossa economia verde.

Dos 3.000 portugueses inquiridos online, 83% defendem a necessidade de desenvolver uma economia verde assente em factores ambientais e de equidade, salientando acima de tudo a promoção da utilização eficiente dos recursos. Os apoios para prevenir as alterações climáticas e a degradação ambiental do planeta (79%) e a contribuição para uma distribuição mais justa dos recursos (57%), foram outras das necessidades apontadas.

Para os inquiridos a economia verde enfrenta várias dificuldades, dando claro destaque à falta de vontade política para tomar as decisões necessárias (57%) e a dependência dos combustíveis fósseis (40%). No entanto, 37% é da opinião que simplesmente as empresas não estão interessadas em mudar a sua forma de actuar e 35% salienta a falta de harmonização internacional das regras éticas, ambientais e sociais.

70% das respostas apuradas neste estudo, revelaram que existem temáticas consideradas “muito importante”, como sejam as metas para redução das emissões de gases com efeito de estufa, o aumento da eficiência energética e crescimento da percentagem de energia renovável. Temáticas que têm, segundo os inquiridos, impactos na qualidade de vida (96%), na criação de emprego (75%) e na competitividade europeia (73%).

Outro ponto relevante neste inquérito, é que 79% dos portugueses consideram a economia verde muito importante e apenas 42% acha que a reindustrialização é também relevante. Curiosamente, a reindustrialização é mais importante para os portugueses do que para os restantes cidadãos dos Estados-membros da UE, cujos valores foram de 67% e 36% respectivamente. Para esta disparidade numérica muito contribui factores de ordem económica, como é o caso do emprego (63%) e do crescimento económico (59%), de ordem tecnológica e de inovação (42%) e de ordem ambiental no âmbito do processo de produção (37%).

Tal como no ambiente, também na reindustrialização existem vários obstáculos e que são fruto da elevada carga de impostos (46%), da excessiva burocracia (44%), dos entraves ao financiamento das empresas (42%) e da falta de continuidade das políticas, sobretudo com as frequentes alterações das regras (38%).

O projecto “UE - Estudo de Opinião: Sustentabilidade e Uso Eficiente dos Recursos” foi levado a cabo em Portugal pela Faculdade de Ciências (FC), da Universidade de Lisboa (UL), junto de professores e alunos do ensino secundário, comunidade académica e cidadãos em geral. O objectivo desta iniciativa é conhecer a opinião dos europeus sobre sustentabilidade e uso eficiente de recursos, reindustrialização e economia verde, sustentabilidade energética e educação sobre o mar, sensibilizar para a relevância dos temas e estimular para uma participação activa dos cidadãos, sobretudo em torno da Estratégia Europeia 20-20.

Os resultados deste inquérito são hoje apresentados aos deputados na Assembleia da República.