O lince ficou extinto no território nacional na década de 1990. Agora, espera-se inverter este panorama com o casal de linces, nascido num centro de reprodução, que foi libertado no concelho de Mértola. Em 2015, irão ser reintroduzidos mais oito linces.

O ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva, afirmou, aquando da libertação do casal de linces, esperar que a situação de extinção do lince ibérico em Portugal possa ser invertida, dizendo estar “muito optimista quanto à circunstância de este ser o início de um processo sustentável”.

O secretário de Estado do Ordenamento do Território e Conservação da Natureza, Miguel de Castro Neto, por seu lado, afirmou que a libertação dos animais representa “um momento histórico” por “devolver à natureza um animal que se extinguiu”, sendo “um sinal de que as políticas de conservação da natureza e biodiversidade em Portugal têm feito um caminho positivo”, o que “é um motivo de orgulho para todos”.

O casal de linces, nascido num centro de reprodução, foi libertado num cercado onde terá um período de aclimatação acompanhado por técnicos, que tomarão a decisão de os libertar posteriormente. “Nos próximos meses iremos reintroduzir mais oito linces”, afirmou Castro Neto.

O ministro referiu que o projecto de criação em cativeiro e libertação na natureza do lince ibérico “transcendeu governos, fronteiras setoriais e disciplinares” e “traduz uma verdadeira causa”, que deu um importante passo há dez anos, na Cimeira Luso-Espanhola em que foi assinado “o acordo entre Portugal e Espanha para que se criassem condições para um plano nacional integrado para a recuperação do lince”.

“Muito antes disso - recordou -, outros também trabalharam nesta matéria, o que significa que este é um dia muito importante em que gostava de homenagear todas as pessoas que, no âmbito da conservação da natureza, das organizações não governamentais, do poder local e das associações, trabalharam durante duas décadas trabalharam para que isto fosse possível”.

Jorge Moreira da Silva afirmou também que a presença do lince “irá criar condições para a valorização económica” dos territórios do interior, através da “aposta no ambiente, na biodiversidade e na conservação da natureza”.

Antes da libertação dos linces, o secretário de Estado colocou um sinal de trânsito de perigo explicando que “ao colocar estes animais em liberdade, conhecemos o que tem sido a realidade espanhola, onde o principal risco tem sido a mortalidade provocada por atropelamentos nas vias rodoviárias. Nesse sentido, desenvolvemos os esforços necessários para prevenir e gerir esse principal risco”.

Castro Neto referiu que foram identificados os pontos mais sensíveis e com maior probabilidade de haver atropelamentos e colocados oito sinais para que a população seja sensibilizada e reduza a velocidade nas zonas onde possa haver presença de linces, no concelho de Mértola, que integra o Parque Natural do Vale do Guadiana, onde o casal foi libertado.

O secretário de Estado disse ainda que “estabelecemos uma metodologia e um senso quinzenal da população de coelho (o principal alimento do lince) nos territórios de libertação de lince. E os dados recolhidos pelos técnicos, seguindo a dita metodologia, comprovam que neste momento existe uma população que até ultrapassa o mínimo considerado necessário para se poder reintroduzir o lince”.