No Dia do Parque Natural de Montesinho foi apresentado o projecto ‘SOS-Save our species’ para os rios do Nordeste Transmontano. No âmbito deste projecto foram reproduzidas em laboratório espécies únicas de forma a garantir o repovoamento em caso de ameaça.

O departamento de Conservação da Natureza e Florestas do Norte (DCNF-N) escolheu o posto aquícola de Castrelos, em Bragança, para comemorar o Dia Aberto do Parque Natural de Montesinho, uma área protegida que abrange os concelhos de Bragança e Vinhais. O momento serviu para a apresentação do projecto que prevê medidas de mitigação e reabilitação das espécies locais apostando em outros locais para salvaguardar este património.

‘SOS-Save our species’ é o nome do projecto científico desenvolvido pelo Instituto Politécnico de Bragança em parceria com o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e associações locais para valorizar este património além da pesca desportiva com um turismo vocacionado para apreciadores da Natureza.

Uma das conclusões deste projecto é que a construção das barragens do Tua e do Sabor reduziram os habitas naturais de peixes e bivalves nos dois principais rios do distrito de Bragança. As espécies em causa, como explicou o investigador Amilcar Teixeira, à agência Lusa, não têm o valor gastronómico da truta, mas são “únicas desta região e, daí a importância de mantê-las, conservá-las neste local, pelo valor em si, mas também pela vantagem de um turismo muito especifico poder trazer pessoas a verem no local a existência dessas espécies”.

Trata-se de peixes como o bordalo e a panjorca e quatro espécies de bivalves, entre elas um mexilhão conhecido pela eficiência na purificação das águas.

Amilcar Teixeira afirma que “é fundamental passar para as populações que há aqui um conjunto de espécies que são únicas, são endemismos ibéricos que importa preservar. Temos sistemas fabulosos e ainda não conseguimos trazer cá pessoas para benefícios indirectos, para lá da pesca desportiva, associados à restauração, à gastronomia, à cultura”.

A componente de educação e sensibilização ambiental vocacionada para jovens, pescadores desportivos e público em geral é uma das apostas com apoio de equipamentos como o posto aquícola de Castrelos”. Refira-se que, no último ano, cerca de 600 visitantes passaram por este posto, propriedade do ICNF, onde se produzem espécies para repovoamento dos rios da região e também para a indústria, por isso, o director Rogério Rodrigues advertiu que “há, às vezes, problemas ligados ao uso errado dos meios aquáticos, exploração da pesca e outros problemas associados que põem em risco as populações existentes”.

O director salientou ainda a importância do envolvimento das comunidades locais neste processo.

Foto: "Montezinho 7". Licenciado sob CC BY 2.0, via Wikimedia Commons - https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Montezinho_7.jpg#/media/File:Montezinho_7.jpg