No decorrer da Cimeira do Clima (COP21), o novo ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, anunciou que a mobilidade urbana vai ter, cada vez mais, de preterir o transporte individual em prol do colectivo; assim como a reabilitação urbana está para continuar.
Em declarações à agência Lusa, João Matos Fernandes defendeu que tem de ser implementado um “novo padrão de mobilidade urbana muito menos assente no transporte individual do que aquele que temos hoje”. Mas para isso acontecer, as pessoas têm de ter “mais opções para poder sair de casa e chegar ao seu destino”, quer seja através do “favorecimento de modos de transporte que há anos se julgava menos relevantes (ex.: bicicleta)”, quer seja através do aumento da “oferta de transporte colectivo”.
O ministro do Ambiente, que também é responsável pela tutela dos Transportes, defendeu ainda que tem de se proceder a um maior esforço ao nível das frotas rodoviárias, as quais, na sua opinião, “tiveram até há quatro, cinco anos, uma evolução bastante importante, nomeadamente ao passar do gasóleo para o gás e ao aparecerem já alguns veículos elétricos” mas que, “nos últimos anos, essa dinâmica foi menos clara” e por isso mesmo “irá certamente ser relançada no futuro próximo”.
O governante é igualmente responsável pela tutela da habitação e por isso aproveitou o COP21 para afirmar que vai continuar a existir uma aposta na reabilitação urbana, “em que os novos prédios uma vez reabilitados tenham uma eficiência e uma qualidade energética que não têm hoje nem tiveram no passado”.
João Matos Fernandes, embora tenha defendido que “Portugal deve orgulhar-se do percurso que fez desde 1997”, a realidade é que acredita que o País podia ter ido mais “além do Protocolo de Quioto”. Aliás, salientou que ainda “falta fazer uma parte importante mais difícil que é combatermos os gases de efeitos de estufa que têm uma origem difusa, isto é, a casa de cada um de nós, o automóvel de cada um de nós, a rede de transportes colectivos de uma cidade e a mobilidade urbana”.
Durante o COP21 foi apresentado o ‘Climate Change Performance Index’, o qual revelou que Portugal desceu dez lugares no desempenho contra as alterações climáticas. João Matos Fernandes lembrou que os dados deste índice reportam-se a 2013, pelo que o actual Governo português “não pode ser responsável por eles”. Ainda assim, considerou que estes números devem ser tomados como “um alerta para aquilo que nos últimos tempos foi menos bem feito”, lamentando que “não há-de ser em um, dois anos, que haverá uma inversão e um reposicionamento de Portugal nos primeiros lugares do ranking”.
Recorde-se que a COP21 vai decorrer até ao dia 11 de Dezembro, em Paris, França, reunindo representantes de 195 países que em conjunto pretendem estabelecer um acordo vinculativo sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa que permita limitar, até 2100, o aquecimento da temperatura média global da atmosfera a dois graus centígrados acima dos valores registados antes da revolução industrial.
Foto: Anabela Loureiro