Um estudo revelou que a qualidade do ar na Área Metropolitana de Lisboa (AML) melhorou nos últimos 30 anos. Mas se a Margem Sul está melhor, a Avenida da Liberdade, na capital, continua a enfrentar índices de poluição muito elevados.
Os investigadores do cE3c Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais e do Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC), em colaboração com cientistas da Faculdade de Ciências e do Instituto Superior Técnico, da Universidade de Lisboa, utilizaram líquenes e briófitos, muito sensíveis aos poluentes existentes no ar, para perceber as melhorias na qualidade do ar na AML, nos últimos 30 anos.
O estudo foi publicado na revista científica ‘Ecological Indicators’ e comparou dados recolhidos entre 1980-1981 e entre 2010-2011. De acordo com a coordenadora do estudo e investigadora no cE3c, Cecília Sérgio, chegou-se à conclusão que “os principais poluentes se alteraram na cidade, que são diferentes e que os mais gravosos, como o dióxido de enxofre (SO2), apresentam níveis muito menos elevados e quase não é necessário contabilizá-los, porque atingem raramente valores superiores aos regulamentados”. Acrescentando que “há 30 anos eram valores altíssimos, no entanto, agora são bastante mais baixos”, graças “às restrições e regulamentações ambientais” que "modificaram a qualidade do ar para melhor".
A Margem Sul foi uma das zonas onde esta melhoria se notou de forma mais significativa, já que possuia “diversas indústrias no Barreiro e Seixal, com bastante peso nos níveis de poluentes que emitiam”, explicou Cecília Sérgio.
Já Palmira Carvalho, investigadora especialista em líquenes, afirma que a “qualidade do ar melhorou em Lisboa devido às regras ambientais e à preocupação ambiental que foi aumentando nestes últimos 30 anos, que Monsanto é realmente o 'pulmão' da cidade e é o local onde há maior diversidade florística”. Mau grado, salienta que a Avenida da Liberdade é “um dos locais mais poluídos e que apresenta o menor número de espécies”.
Refira-se que os líquenes, utilizados na base deste estudo, consistem na associação entre fungos e algas, enquanto os briófitos englobam três grandes grupos de organismos, sendo os musgos os mais conhecidos.
Foto: Anabela Loureiro