A associação ambientalista Quercus afirmou que é “urgente” criar um observatório europeu independente que defenda os interesses dos cidadãos dos Estados-membros, nomeadamente ao nível da saúde que atinge já níveis preocupantes.
A sugestão “de um observatório europeu independente que vigie a acção das entidades reguladoras dos vários Estados-membros e assegure que o mercado único de veículos acautela o melhor interesse e a defesa da saúde de todos os cidadãos”, por parte da Quercus, surge na sequência do estudo da Transport&Environment (T&E) que revelou que a esmagadora maioria dos “fabricantes de automóveis a gasóleo (ligeiros de passageiro e comerciais) estão em claro incumprimento dos valores limite de emissão de óxido de azoto (NOx), estabelecidos pelas normas Euro 6”.
A Quercus avançou também que, um ano após ser divulgado que a Volkswagen recorria a um dispositivo para reduzir os valores reais dos poluentes e que ficou conhecido como o ‘Dieselgate’, esta marca está agora “a vender, na Europa, os veículos a gasóleo menos poluentes".
O estudo salienta que “a União Europeia e os Estados-membros não tomaram as medidas necessárias que se exigiam há um ano, quando o Dieselgate aconteceu”.
Face a este panorama a Quercus alerta para o facto de “a violação da regulamentação ambiental por parte dos fabricantes de automóveis pode ter consequências para a saúde pública e causar mesmo mortes prematuras”, lembrando que “a Organização Mundial da Saúde (OMS) descreveu o agravamento dos níveis de poluição do ar como uma ‘emergência de saúde pública’". Mais, a associação, tendo em conta dados da Agência Europeia do Ambiente (AEA) relativos a 2015, declarou que o dióxido de azoto (NO2) emitido principalmente pelos veículos a gasóleo em áreas urbanas, foi responsável por um número estimado de 72 mil mortes prematuras na Europa, em 2012, com especial incidência em Itália (21.600), no Reino Unido (14.100), na Alemanha (10.400), na França (7.700), em Espanha (5.900) e na Bélgica (2.300). “Em Portugal, a AEA estimou a ocorrência de 470 mortes prematuras, em 2012, devido aos elevados níveis de NO2”, demonstra a Quercus.
Foto: Anabela Loureiro