Esta é uma realidade que a Quercus não quer ver concretizada, alertando para a urgência de intervenções na zona costeira portuguesa.

 

Como a Quercus explicou “o recente temporal veio colocar à vista de todos os erros e as omissões das políticas públicas que, ao longo de décadas, contribuíram para que cerca de 40% do litoral esteja muito ameaçado pela erosão, colocando em risco pessoas e bens, uma situação que obrigará os contribuintes a novos esforços financeiros que poderiam ser evitados”.

Esta associação ambiental recordou que a subida do nível médio do mar e a modificação no regime de agitação marítima, bem como o aumento de frequência e intensidade de eventos meteorológicos extremos como tempestades, serão das consequências mais significativas das alterações climáticas sobre a zona costeira. Por isso, defende que só com a “definição de uma nova política pública, que não se limite a soluções paliativas destinadas a agradar às populações locais e aos agentes económicos será possível dar uma resposta adequada aos problemas”.

Neste contexto, a Quercus exige uma rápida concretização da Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas, adoptada em Abril de 2010, que tem de passar à prática após as análises sectoriais que foram feitas e divulgadas em Outubro de 2013. Mais ainda, e em consonância com as recomendações de diversos projectos europeus, entre os quais o Eurosion, uma nova geração de políticas públicas se concentre no aumento da resiliência costeira, através da aplicação das seguintes várias medidas.

Entre estas medidas está: o restabelecimento do balanço sedimentar e do espaço necessário para que os processos costeiros ocorram naturalmente, assente na implementação de planos de gestão dos sedimentos costeiros; implementação de um programa imediato de deslocalização de pessoas e bens para áreas mais interiores, indemnizando os cidadãos afectados, dando prioridade às áreas mais susceptíveis ao risco; integração dos custos da erosão costeira e dos riscos no planeamento e em todas decisões de investimento públicas ou privadas, sujeitando-as a uma avaliação de impacte ambiental séria, situação que não tem acontecido em relação à construções de novas barragens, como as da Cascata do Tâmega, Tua, Sabor, Ribeiradio-Ermida (no rio Vouga) ou, mais recentemente, Girabolhos (no rio Mondego); e elaboração de mapas de risco a uma escala adequada e reforço do conhecimento científico sobre os processos costeiros e sobre os efeitos das alterações climáticas sobre o litoral, envolvendo a comunidade científica.