A Agência Internacional de Energia (AIE) revelou que, até 2021 e a nível mundial, as energias renováveis vão crescer mais depressa do que o esperado. Para este cenário são determinantes as políticas mais amigas do ambiente e a descida dos custos.
A AIE publicou o relatório anual sobre a evolução das energias verdes a médio prazo no qual mostra que cerca de 825 Gigawatts (GW) de novas capacidades eléctricas vão ser instaladas até 2021, tal faz denotar uma progressão de 42% em relação a 2015, contrariando a estimativa anterior de 13%. Desta forma, em 2021, as energias renováveis representarão 28% da produção de electricidade mundial, valor que no final de 2015 era de 23%, ano em que se registaram máximos em termos de investimento e de implantação.
Paolo Frankl, director da divisão de energias renováveis da AIE, durante uma teleconferência, revelou que para este “optimismo” muito contribui a “evolução das políticas, em particular em três países”, a saber os Estados Unidos da América (EUA), China e Índia, cujas estimativas a agência reviu em alta.
De acordo com o mesmo relatório, em cinco anos, os custos da energia solar devem diminuir em 25% e os da eólica em terra ('onshore') 15%. E, apesar do rendimento das energias renováveis ser mais fraco do que o das concorrentes fósseis ou nucleares, as mesmas vão gerar, em 2021, “o equivalente à produção de electricidade actual dos EUA e da União Europeia juntas”.
Apesar deste cenário optimista, Paolo Frankl recorda que “ainda há obstáculos que não foram levantados”, dando o exemplo das dificuldades de integração nas redes na China, África do Sul ou Japão, ou a penalização das condições de financiamento nos países emergentes. O director afirma também que, caso estes problemas sejam resolvidos, então mais de 200 GW poderão ser instalados por cada ano até 2020.
Paolo Frankl refere ainda que o desenvolvimento do calor renovável e dos bio-combustíveis está a decorrer “muito lentamente”, salientando o impacto “directo” dos preços do petróleo. Refira-se que, em 2021, o calor representará mais de metade do consumo final de energia, enquanto as renováveis contribuirão apenas com 10%, sendo que actualmente é de 9%.
O relatório da AIE faz ainda a ressalva para o facto de “só a eólica em terra e a solar fotovoltaica estão na trajectória” da redução das emissões de gás com efeito estufa fixado pelo acordo de Paris para o clima.
Foto: Anabela Loureiro