A ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável efectuou uma análise detalhada aos resultados publicados no Relatório Europeu sobre 'Impactes e Vulnerabilidades às Alterações Climáticas da Agência Europeia do Ambiente – 2016' e os resultados foram preocupantes.

O mais surpreendente deste estudo prende-se com a análise de custos efectuada, onde as consequências das alterações em Portugal entre 1980 e 2013 (a preços de 2013), atingiram já 6,8 mil milhões de euros, dos quais apenas 300 milhões (cerca de 4% do total) se encontravam cobertos por seguros, representado um custo per capita de 665 euros e um custo de 73,5 milhões de euros por quilómetro quadrado, o equivalente também a 0,14% do Produto Interno Bruto do País.

De acordo com a ZERO, o relatório é claro e fornece evidências que ano a ano são cada vez mais robustas sobre o facto das alterações climáticas continuarem a nível mundial e na Europa: as temperaturas da terra e do mar estão a aumentar aumentando; os padrões de precipitação estão a mudar, geralmente tornando as regiões húmidas na Europa mais húmidas, particularmente no inverno, e as regiões secas mais secas, particularmente no verão; a extensão do gelo marinho, volume de gelo e cobertura de neve estão a diminuir; o nível do mar está a subir e os extremos climáticos como ondas de calor, precipitação intensa e secas estão a aumentar em frequência e intensidade em muitas regiões.

Novos níveis recordes de algumas variáveis ​​climáticas foram estabelecidos nos últimos anos, nomeadamente a temperatura global e europeia em 2014 e novamente em 2015 e, sabe-se já, em 2016, o nível do mar global em 2015 e a extensão do gelo do mar Ártico em 2016. Algumas mudanças climáticas têm vindo a ser aceleradas nas últimas décadas, como a elevação do nível do mar global e o declínio da extensão de gelo polar. As alterações climáticas observadas já estão a ter um grande impacto nos ecossistemas, nos sectores económicos e na saúde e bem-estar humanos na Europa (menciona aliás o caso do surto de dengue na Madeira).

As alterações climáticas estão a afectar todas as regiões da Europa, mas os impactos não são uniformes. O Sudeste e o Sul da Europa são projectados como zonas hotspots, com o maior número de sectores e domínios a serem gravemente afectados. Áreas costeiras e planícies de inundação na parte ocidental da Europa são também hotspots multissetoriais. Os Alpes e a Península Ibérica são pontos críticos para os ecossistemas e os seus serviços.

Os custos económicos podem ser elevados, mesmo para níveis mais modestos de alteração climática, e esses custos aumentam significativamente para cenários de maiores níveis de aquecimento. Os custos dos danos projectados associados às alterações climáticas são mais elevados no Sul da Europa.

A magnitude das alterações climáticas futuras e os seus impactos a partir de meados do século dependem da eficácia dos esforços de mitigação do clima global.

A ZERO reconhece que as estratégias, políticas e acções de adaptação às alterações climáticas, incluindo a sua integração noutras políticas, estão a progredir em todos os níveis de governação (União Europeia, nível transnacional, nacional e local), tendo a entrada em vigor do Acordo de Paris sido um elemento muito importante.

À escala nacional, é assim muito importante o avanço do Roteiro Nacional de Carbono Neutro para 2050 a desenvolver este ano e o passar à prática com a aplicação generalizada de iniciativas locais e nacionais no âmbito da Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas.

Foto: Anabela Loureiro